quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Ó solidão doída





emaranhado.rufiano.blogspot.com.br



Que faço eu da vida, hoje só, embrenho na mata onde o silêncio conversa meus ouvidos cobrando as adversidades que tive numa vida solitária e infeliz.
O maldito dinheiro que não quis dividir com ninguém, agora me pergunto: valeu a pena juntar tanta riqueza, hoje guardadas em bancos e, ao invés de me casar ter meus filhos, formar uma família feliz, viajar com ela para conhecer outras culturas, mas não. E agora que faço da minha solidão minha única companheira?
Nessa noite fico a pensar na minha doída solidão que me maltrata por ser sovina comendo marmitex, ao invés gastar meu rico dinheiro em restaurantes finos a comer ricas iguarias. Mas a ganância de guardar e guardar dinheiro e agora? Sozinho.
Até os pássaros quando me vê batem suas asinhas coloridas e voam bem alto. A noite a lua só me da uma espiada e o estrondo do raio saindo de uma nuvem escura. Assusto e acordo para a vida.
Será que ainda haverá tempo pra mim, tenho sessenta anos, nunca trabalhei, ganhei herança dos meus pais, só paguei uma boa aposentadoria e hoje aposentado tenho tudo e não tenho nada, só a solidão que virou a minha sombra.
Cansado, adormeci na mata. Acordei com uma vontade enorme de mudar, ainda tenho tempo assim sonhei.
Cheguei no meu casebre tomei um banho saí, fui a lojas comprar roupas bonitas, entrei na joalheria comprei um lindo relógio, passei na barbearia fiz a barba cortei os cabelos. Assustei, era outro homem.
Chegando em casa joguei todos aqueles trapos fora, vesti-me como um príncipe e saí. Muitas mulheres olhavam pra mim, então pensei: ainda não estou de jogar fora. Passei numa imobiliária comprei uma mansão, arrumei um designe de interiores que deixou minha mansão um requinte.
E sem me cansar contratei vários servidores e pagava bem para eles. Ah! Ia me esquecendo contratei um excelente motorista, comprei uma Ferrari e fui viver a vida.
Não demorou muito tempo me apaixonei, sabem por quem? Não adivinharam! Pela cozinheira, uma linda morena de olhos azuis, solteira e com seus cinquenta e cinco anos. Aí contratei outra cozinheira e me casei com Beatriz. A festa foi um deslumbre, fomos viajar para vários países. Voltamos.
Eu sou Jorge e minha amada Cleide, mas mesmo assim parecia que faltava algo. Faltava os filhos que ela não tinha idade para tê-los.
Então, fomos a um Orfanato e adotamos quatro crianças: dois meninos e duas meninas. Eles ficaram felizes em saber que teriam um lar.
Cada criança tinha seu quarto mobiliado, agora minha vida matou a solidão e deu lugar a felicidade, felicidade essa que nunca tive.
Deixem de acumular riqueza, curtam a vida que é curta: amem, tenham filhos e vivam felizes.


11 comentários:

  1. Dorli mais um belo texto que convida a refletir!!! Bj

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  2. Boa tarde amiga Dorli!
    Viver essa é a verdadeira palavra,e nada é mais lindo que a adoção de crianças que precisam de um lar.
    Amei ler,um conto bem tocante.
    Bjs e obrigada pela visita.
    Carmen Lúcia.

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  3. Que conto lindo, adorei! A autora está voltando ás suas raízes! Beijos!

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  4. Muito bom. Parabéns pelo texto:))

    Hoje, com: " Mélicos tormentos "

    Bjos
    Votos de uma óptima Sexta- Feira

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  5. Caros amigos leitores,

    convidamos-vos a ler o último capítulo da nossa história escrita a várias mãos "Janelas de Tempo"
    https://contospartilhados.blogspot.com/2018/10/janelas-de-tempo-capitulo-14-final.html

    Com todo o nosso carinho e respeito, agradecemos a atenção e tempo que nos dedicaram. Continuaremos!

    Votos de excelente fim-de-semana.
    Saudações literárias

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  6. Boa noite Lua!

    Acumular riqueza ainda é uma pratica de muitas pessoas. O tempo passa, leva a maior riqueza que Deus nos deu e fica o ouro para traz. Gostei muito de seu conto, ao chegar ao limite da solidão (se é que existe limite) uma nova vida, rica em esperança e amor nasceu. A solidão é boa companheira quando sabemos controlar.

    bjs
    Desejo um fim de semana de paz, luz amor e harmonia

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  7. Lindo, profundo e verdadeiro.
    Maravilhoso
    Adorei. Tocou-me imenso
    Obrigada
    Beijinho

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  8. Olá amiga Dorli, e assim que deve ser, dinheiro é pra ser usufruído com bons momentos, tenho uma irmã, que é assim , desembargadora, e nunca saiu da cidade que mora, sustenta um montão de sobrinho desocupado, e qdo ela se for? kkkkkkkkkkk, vão pastar também!
    Bjs minha flor!

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  9. Um Conto que conta a Vida. Bom texto, Amiga. Parabéns.


    Beijo
    SOL

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  10. Belo conto com lição perfeita.
    A vida é para ser vivida em toda sua extensão ou se juntará o lixo que fez da vida.
    Boa semana amiga.
    Beijo de paz.

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