A casa vazia, sentada
numa cadeira de balanço, mas ainda muito jovem, um aperto no peito, eram as
lágrimas querendo jorrar dos meus olhos. Tentei segurá-las, mas foi impossível
e uma enxurrada de lágrimas desceu em meu peito. Estava só. Era a dor da solidão.
Tinha tudo: casa no
campo bonita, ajudantes, mas me faltava o essencial: o meu amor que num dia
fatídico, voltando para casa, seu carro rodopiou na estrada e caiu num
barranco. A morte lhe sorriu.
Levanto
sorrateiramente da cadeira e o que vi fora de casa me entristeceu mais: a noite
chegando nublada, a lua com pressa de dormir nem me viu, olhei ao redor e vi
que o nada me fazia companhia e, pela primeira vez resolvi jogar fora toda
essas tristezas que me sufocavam.
No lindo banheiro,
tirei bem devagar minhas vestes, o espelho refletiu minha bela silhueta, passei
a mão pelo meu corpo e vi que ele estava vivo, entrei na banheira e ao sair
tinha um propósito: quero viver. Peguei meu carro e fui para a cidade, tinha
uma amiga, me recebeu feliz e aí perguntei: onde vai tão linda? Ao baile, fomos
as duas.
Ela dançava muito,
solidão passava longe dela e enquanto pensava alguém tocou meus ombros: vamos
dançar? Assustei, era Jorge um amigo de infância, nos abraçamos e começamos a
dançar, senti o cheiro do pecado, ele olhou pra mim e de leve beijou meus
lábios. Abraçamo-nos mais forte, pois o
desejo nos ligava.
Disse a ele: venha
conhecer minha casa, subimos no carro e saímos da estrada, ele nada falava,
abri a porta, entramos para o amor e hoje a casa é barulhenta de tantos filhos.
Adorava crianças.
Tranquei a solidão
numa gaveta e joguei a chave no rio.