domingo, 5 de janeiro de 2014

Pedalando a vida ( ficção )



 Enfeitei minha bicicleta e eu, com lindas flores coloridas que apanhei num campo florido pertinho de casa. Dei adeus à mamãe e disse que só voltaria quando encontrasse um grande amor. Saí pedalando a vida à procura do meu sonho.
 As borboletas insistiam em me seguir, mas logo tombavam ao chão exauridas. Pedalando vi a vida passar a minha frente: o sol sorrindo, ouvindo o som das águas do mar, o crepúsculo do entardecer me dando adeus para dar lugar à noite estrelada e surgindo vagarosamente a lua exuberante sorrindo para mim. Parei para ver aquele espetáculo. Incrivelmente belo!
 Cansada das pedaladas empurrei minha bicicleta perto de uma manancial; tomei um banho de águas cristalinas, bebi dela e saí à procura de algum alimento. Mangueira! adoro mangas. Quando a mangueira me viu sorriu e derrubou para mim saborosas mangas. Adormeci.
 Acordei com o crepúsculo do alvorecer, o sol preguiçoso me acordou com seus raios suáveis. Quanto tempo? Não sei(...) não usava relógio... depois de uma "chuverada" numa pequena queda d'água d'uma cachoeira; refeita do cansaço, fiz meu desejum com saborosos pêssegos. Que delícia! 
 De repente ouvi um barulho; escondi a bicicleta numa relva alta e corri atrás do pessegueiro. Fiquei com medo de algum animal feroz. E realmente tinha razão, era um lindo leão(...) foi chegando perto, estava gelada de medo, ele falou: Apareça e me da um beijo. Estremeci, mas o medo era tanto que cheguei toda trêmula perto dele e o beijei. Deu um estouro, caí e fiquei estupefata ao ver a transformação: um lindo jovem loiro, de cabelos encaracolados deu-me a mão e me disse: o feitiço acabou. Agora, se quiser serei seu para o resto de nossas vidas e me beijou.
 Não sei quanto tempo fiquei nesse transe sem acreditar que não precisei pedalar muito minha bicicleta para encontrar o meu amor.
 Voltamos a cavalo, levando também minha bicicleta. Foi uma festa na pequena cidade e logo o enlace aconteceu e somos felizes até hoje.
 Portanto, busque, vá à luta, não tenha pressa que um grande amor aparecerá na sua vida.  É só acreditar e sair à procura.



sábado, 4 de janeiro de 2014

Fragmentos de amor



 Daniel e Fernanda viviam juntos havia exatamente dois anos, desse relacionamento nasceu Priscila, hoje com apenas um ano de idade.
 Um casal de dar inveja, tamanha era o comprometimento que um tinha pelo outro e Priscila só veio enfeitar o que já era lindo por natureza.
 Um dia, Fernanda recebe um telefone de sua prima Clara que morava na capital que vinha passar as férias na sua casa. Ficou contente, adora sua prima.
 No domingo Clara chegaria de ônibus e, enquanto ela fazia um almoço especial pediu a Daniel para ir buscá-la na Rodoviária, pelo celular Fernanda disse a Clara que Daniel estaria com uma camisa branca e na mão uma rosa vermelha.
 O ônibus parou e não foi difícil o reconhecimento e Daniel aproximou-se de Clara com a rosa vermelha na mão e não sabendo o que fazer com ela entregou a prima.
 No caminho pouco conversaram e, já na casa, desfez a mala, tomou um banho e foi almoçar. Uma comidinha cheirosa, típica do interior, mas tudo com muito esmero.
 Daniel era autônomo e sua mulher professora, conclusão: enquanto Fernanda saía com a filha para a escola a prima ficava sozinha.
 Um dia, Daniel voltou para casa e a porta do banheiro estava entreaberta e não resistindo a tentação, abriu sorrateiramente a porta do box e ficou estagnado com a beleza do corpo da jovem, ali mesmo fizeram amor.
 No outro dia Clara foi embora e Fernanda desconfiada quis saber o que havia acontecido e ele chorando muito explicou o ocorrido e ajoelhando ao seus pés pediu perdão.
 Fernanda nada disse e aos poucos foi juntando os fragmentos dos sonhos vividos com seu amor e se perguntou: e se fosse comigo? Gelou. Seu coração palpitou o medo da perda e abraçou Daniel.
 Recomeçaram sua vida ao lado da sua linda filha Priscila.

" O que você faria no lugar de Fernanda? "


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Minha voz


Queria pedir para ficares
Minha voz não saía (...)
A sufoquei com as flores
A dor ao meio se partia

Meus olhos lacrimejantes
Debulharam num grande rio
Do nada chegou vento frio
Para dissipar as correntes

Correntes de mil amarguras
Fizeram a morada comigo
Solucei as tristes agruras
Na boca um gosto amargo

Tosca solidão me abraçou
Reconheci um odor fétido
D'um vil amor deteriorado
Sumiu, em alto voo ele alçou



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Espelho quebrado( miniconto )



 A vida é como um espelho que se quebra em várias partículas, as quais são independentes. Ainda não inventaram uma cola que o deixe numa única imagem: a mais bela e jovem.
 Somos os cacos que vamos tentando nos remodelar dia após dia, podendo melhorar nossas aparências para esconder nossa idade, mas voltarmos a ter aquele rostinho lindo da juventude, jamais.
 Temos que aceitar que tudo tem o seu tempo e se um fugir querendo usurpar o lugar do outro fica ridículo e seremos piegas dos outros.
 Temos um ciclo de vida à cumprir e nada irá mudar esse itinerário, a não ser que a morte venha prematura levando nossa beleza, como um ladrão de emoções.
 Portanto, vamos viver a plenitude de cada idade e ao chegarmos ao final da nossa vida dizer: eu vivi com intensidade todos os ciclos vida e, se a morte chegar, a vida nos sorri.