domingo, 26 de janeiro de 2014

A Faculdade da Vida (miniconto)




 Eu curso a melhor Faculdade do Mundo, ela se chama Faculdade da Vida, onde as matérias são muito difíceis e muitos alunos desistem antes da diplomação. Nela não pagamos nada, nem precisamos de física, química, ler livros extensos e muito menos fazer provas.
 Nessa Faculdade, não existem notas, mas as disciplinas são difíceis e muitos não conseguem ir bem: amor incondicional, equilíbrio, honestidade, desprendimento, solidariedade, humildade, discernimento e perdão.
 Foi me apresentada uma balança para sentar, com dois pesos exatamente iguais, o primeiro pendia para o mal e o segundo para o bem.
 Tive que escolher a que lado sentar, escolhi o lado que me dava mais honradez. Estudo nessa Faculdade há muitos anos, mas ainda não recebi meu diploma.
 Como as disciplinas são muitas e difíceis, não sei se vou conseguir meu diploma, pois só Deus poderá me entregar.



sábado, 25 de janeiro de 2014

No jardim da minha casa(miniconto)




 Da janela do meu quarto vejo meu jardim de rosas vermelhas, ao olhá-las meu coração sangra de saudades do meu amor. Moro só, pois a traiçoeira morte tirou-o de mim no auge da sua mocidade e a lembrança que tenho quando vou deitar-me é você pálido na cama.  Sinto falta dos seus beijos e paixões e, de repente tudo ficou só nas lembranças eternas.
 Sinto saudades suas, vivo por viver. O vazio da nossa casa me congela, eu não consigo viver sem você, mas não descuido do nosso lindo jardim, converso com as rosas vermelhas e elas me confortam.
 Fecho a porta, as cortinas balançam e a brisa que entra tem o seu aroma, sinto você perto de mim e, assustada começo a chorar. Ouço sua voz, será que enlouqueci? A mesma voz macia que tinha, senti sua mão gelada querendo me levar de casa. Gritei.
 No outro dia, ao acordar vi um bilhete em cima do travesseiro que era seu e nele escrito: logo virei buscá-la, lá não tem saudade, dor e sim rosas vermelhas.
 No outro dia o céu estava cheio de estrelas, ele pegou em minhas mãos e me disse: nesse lugar onde iremos nosso amor se perpetuará para sempre. Saímos voando.
 No outro dia acordei com os gritos de Isabela, a faxineira.
 Que pena!



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O desentendimento no céu(miniconto)



 Houve um pequeno desentendimento no céu, pois o Sol se apaixonou por uma linda estrela e, nesse ímpeto começaram a namorar na imensidão do Universo sem fim.
 A Lua por sua vez ficou enciumada, é claro, era apaixonada pelo Sol, mas se o Sol se aproximasse da Lua era uma morte cruel, ela derreteria.
 A Lua chorava e apagava a claridade da noite, as estrelas irmãs estavam em preparativos para o belo enlace matrimonial e nos esqueceram. A noite ficava mais escura e emudecia as chorosas ondas do mar.
 Para os habitantes da Terra foi muito bom, as ondas do mar ficaram mais serenas, à noite os namorados viam as alegrias nos céus e as quatro estações do ano voltaram, na sutileza dos belos anos de outrora.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Onde estão os vaga-lumes(miniconto)



 Quando pequena eu e minhas amigas não víamos a hora de anoitecer para catar vaga-lumes e guardar numa caixinha de fósforo.
 A cidade era pequena, bons vizinhos e, à noite todos saíam com suas cadeiras para conversar, cada um colocava sua cadeira na calçada. Que delícia: bons papos e bolinhos de chuva.
 As crianças brincavam de catar vaga-lumes, muitas delas tinham medo de pegar nos insetos, então, nós ajudávamos a encher suas caixinhas. É lógico, deixávamos um pouquinho aberta, não queríamos matá-los, só brincar.
 Hoje, não vejo aqueles lindos insetos brilhantes. Onde foi parar minha querida infância? Sumiu tal qual os lindos vaga-lumes e as nossas brincadeiras, também não vejo as borboletas, será que desapareceram?