terça-feira, 29 de julho de 2014

O voo das borboletas




As borboletas foram as angústias
Acumuladas dentro do meu peito
Foram tantas que perdi as contas
Sufocando o meu coração adentro

Perdi para outro a minha mulher
Casei com a bebida, dura vida só
A tropeçar por uma rua qualquer
A rastejar nas esquinas a fazer dó

Passou por mim um pobre garoto
Gritou forte: solte suas borboletas
Bati minha vergonha no meu peito
E soltei todas as minhas angústias

Entrando num hotel o menino riu
Disse: soltou borboletas ao vento?
Reconheci das calçadas e me previu
  Ele fez da minha vã vida, um alento 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Costurando sonhos


Pinturas de Luciana Mariano

Lembro quando ouvia o barulho da máquina de costura da minha mãe, eu ficava a pegar os pequenos retalhos que não seriam mais usados para fazer bonequinhas: saía uma mais linda do que a outra. Mamãe trabalhava tanto que por muitas vezes, à noite a ouvia chorar baixinho, imagino ser de solidão e cansaço, pois éramos agora só em duas: mamãe e eu . Nosso pai morrera havia um ano de atrofia muscular e infarto. 
Como fazia bicos não tinha nenhum rendimento fixo, ficamos só com o barraco na favela e o trabalho na máquina da mamãe. Numa noite chuvosa ouvi minha mãe chorar, corri até a porta do quarto que se encontrava encostada: empurrei vagarosamente e a cena que vi foi muito triste: A minha mãe conversava com papai como se ele estivesse ali. Abracei-a e chorei.
E a vida continuou...Comecei a vender as minhas bonequinhas pelas ruas da cidade e olha que dava um bom dinheirinho. Já com o dinheiro na mão comprava o que faltava em casa.
Certo dia, um homem moreno me parou na rua e queria saber o que eu vendia naquelas cestas; mostrei e ele espantado disse: menina você tem um talento incrível, quero conversar com sua mãe.
No outro dia, eu e minha mãe descemos a favela; eu com  minhas cestas e o homem, bem vestido, nos esperava. Queria falar com minha mãe às sós; afastei-me um pouco, depois de meia hora subimos o morro, só nós duas.
Já em casa mamãe explicou que o homem se chamava Carlos, tinha quarenta anos e uma fábrica de costura e uma pequena loja. Ofereceu-nos serviço. Fiquei toda feliz: meu primeiro emprego.
Minha mãe trabalhava oito horas costurando e eu fazia as bonecas com os retalhos, e agora havia muitos retalhos. O dinheiro da venda das bonequinhas ficava todo para mim e minha mãe tinha carteira assinada e um bom salário.
O dono da fábrica apaixonou-se pela minha mãe e não demorou muito tempo eles se casaram e eu fui a noivinha que levei as alianças.
À partir daí, nossa vida mudou, minha mãe ficava em casa, eu estudava em uma boa escola e ensinava minhas amiguinhas a fazer bonequinhas de pano.
Hoje, somos uma família feliz, mas nada faz de nós duas esquecermos o passado...





domingo, 27 de julho de 2014

Meus visitantes anônimos




Meus agradecimentos
A todos os meus visitantes
Anônimos
Que se escondem atrás 
De cada poesia e conto
Que escrevo
É feito de coração
A todos que aqui chegarem
Vocês são a alavanca
Que me levanta
Quando estou triste
E faz meu sorriso
ficar mais bonito
Quando aqui chegam

Obrigada pelas visitas
Beijos no coração

 

sábado, 26 de julho de 2014

Digerindo palavras


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Todos os dias tenho que me alimentar de palavras que juntas formam poesias, contos, mas que embebem todos os meus sonhos. Sonhar não custa nada, então, vamos sonhar e transcrever no papel ou computador todas as delícias e sofrimentos da vida para que outras pessoas, talvez tome o cuidado de não cair no fundo do poço, exigindo para si um amor que já tenha dono.Seria deplorável, pois nenhum ser humano merece descer o pedestal do seu próprio desamor.
A vida é como um barco à deriva balançando nas ondas d'um oceano com ondas gigantescas e o medo da morte se faz presente, mas Alguém muito especial faz abrandar as ondas e o barco, mesmo à deriva volta ao seu porto de partida e, para que isso aconteça é preciso ter fé em Alguém superior que vem nos socorrer numa hora que tudo parecia estar perdido. Ganhamos outras vidas.
Às vezes, fico triste e não consigo deixar de transcrever toda maldade humana, esquecendo o homem que Deus tudo vê, Ele é Onipotente e será justo no seu julgamento. Portanto, não tentemos enganar a outrem, pois os Seus Olhos sempre estarão atentos para juntar todas as partículas da sua vida e na somatória dar o Seu veredicto final.
Gosto também de sonhar até o inatingível, pois para o sonho tudo é possível, mas que sonhemos pouco para não nos desiludirmos da vida, pois nem tudo que sonhamos é de plausível realização. Ao ler uma poesia de amor, saiba que ela não é sua, faça uma adaptação na sua vida com ela, talvez tenha maior sorte do que dantes.
Portanto, meus amigos, é tão fácil escrever: abra seu coração e empreste todo o amor que tem no seu ser aos desiludidos, desesperados e sofredores, principalmente aos que têm fome de justiça e amor. Muitas vezes, duas palavrinhas podem mudar o humor de uma pessoa que não conhece a força que tem cada palavra escrita ou falada. Você pode levantar o astral d'uma pessoa ou matá-la paulatinamente. Pense...