domingo, 22 de janeiro de 2017

Vida doída


Meu nome é Vera e meu peito dói a saudade de ti e para não gritar escrevo no meu diário toda dor que sinto do teu desprezo. Tu me abandonaste havia 30 anos com três fedelhos para criar e para que nós pudéssemos comer dava aulas de piano e costurava muito.
Era bonita, não me faltou pretendentes, apenas saía com Heitor, afinal ninguém é de ferro e precisava explodir toda paixão que meu corpo jovem tinha, queria se casar comigo e eu não aceitava, mas nos dávamos bem assim.
O tempo passou, meus filhos cresceram foram estudar fora se casaram e eu cá com meus cinquenta e cinco anos vou escrevendo toda mágoa que tinha no meu coração. Depois dos filhos casados aceitei morar com Heitor, meus filhos gostaram e  ele passou a viver em minha casa. Era um ótimo companheiro de todas as horas.
Com nossas duas aposentadorias e duas casas alugadas dava para viver bem e viajar a cada três meses. Adorava a praia. Heitor gostava quando colocava um maiô preto, tinha umas pernas bonitas e um rosto com poucas rugas, afinal me achava bonita e quando isso acontece nosso ego vai lá em cima.
Ele me enchia de carinhos e mimos e isso fez que um dia te disse: Heitor eu te amo. Abraçou-me com força, pegou-me no colo e fomos para o quarto e nos amamos dentro de uma enorme banheira.
Já trocada, desci as escadas com Heitor e quase não reconheci Pedro, meu ex- marido tocando a campainha da casa.
Abri a porta, estava um trapo. Ele escolheu assim e dei-lhe de presente meu diário, estava mendigando pelas ruas, eu morava no meu sítio, então comprei uma casinha para ele, e todos ajudavam com dinheiro eu e nossos filhos, mas não o queria mais aqui, fizemos o desquite e assim decidiu o juiz.
Dois anos se passaram Pedro andando só pela cidade caiu morto.
Tudo poderia ser diferente, mas...

sábado, 21 de janeiro de 2017

Espelho, meu inimigo



inimigo

Nossa como o tempo passa!
Safado, mulherengo
Veio me tirar o "sarro" no espelho?
Ele é meu pior inimigo

Como eu era lindo! Ó vida!
Você é cruel demais
Eu pegava todas as mocinhas
Hoje só pego nas banhas

Meus cabelos pretos, pele lisa
Hoje estou em frangalhos
Com cabelos e barbas brancas
Minha pele só tem sulcos

Estamos com a mesma roupa
Por que vem a velhice?
Ó espelho, meu pior inimigo
Caia fora ou vou te quebrar agora
 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Miniconto: rio sombrio




A quietude das águas que dobram seu curso nas sombras anoitecidas, chegam serenas a clarear esse solitário e melancólico observador. A semelhança das águas sombrias sem esmorecer a noite que chega sorrateira, ficando parte do rio reluzente pelo brilho das estrelas, mostrando as tochas de matos, árvores coloridas que fazem o rio dançar em suas próprias curvas de uma leve sinuosidade.
A Lua já deve ter aparecido levemente e o observador pálido não vê uma enorme queda d'água, onde os peixes estavam na piracema para desovar- o observador ficou encantado, jamais tinha visto.
A partir daí ele retornou ao rio, sereno, pois além do perigo que é desconhecido dele, apesar de ser o mesmo rio a beleza já fica de longe alcance.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Minha Tereza


tereza

Tereza, minha linda Tereza
O que acomete tanta tristeza?
Não estou te amando como tu queres?
Digas, faço o que quiseres

Nada, meu amor, apenas ansiosa
Por que dessa ansiedade?
Tenho medo de ter filhos não tenho idade
Você está grávida, meu anjo?

Estou meu amor e tenho medo de morrer
Não irás morrer, iremos ao médico
Tudo legal disse o médico, está de quatro meses
Irei acompanhar sua gravidez

Tereza sabia que ia morrer e no parto, se foi
O médico pegou o  bebê e deu ao seu marido
Ficou uma linda menina sapeca
O pai chorava, a filha o consolava