Meu
nome é Vera e meu peito dói a saudade de ti e para não gritar escrevo no meu
diário toda dor que sinto do teu desprezo. Tu me abandonaste havia 30 anos com
três fedelhos para criar e para que nós pudéssemos comer dava aulas de piano e
costurava muito.
Era
bonita, não me faltou pretendentes, apenas saía com Heitor, afinal ninguém é de ferro
e precisava explodir toda paixão que meu corpo jovem tinha, queria se casar
comigo e eu não aceitava, mas nos dávamos bem assim.
O
tempo passou, meus filhos cresceram foram estudar fora se casaram e eu cá com
meus cinquenta e cinco anos vou escrevendo toda mágoa que tinha no meu coração.
Depois dos filhos casados aceitei morar com Heitor, meus filhos gostaram e
ele passou a viver em minha casa. Era um ótimo companheiro de todas as horas.
Com
nossas duas aposentadorias e duas casas alugadas dava para viver bem e
viajar a cada três meses. Adorava a praia. Heitor gostava quando colocava um
maiô preto, tinha umas pernas bonitas e um rosto com poucas rugas, afinal me
achava bonita e quando isso acontece nosso ego vai lá em cima.
Ele me enchia de carinhos e mimos e isso fez que um dia te disse: Heitor eu te amo.
Abraçou-me com força, pegou-me no colo e fomos para o quarto e nos amamos
dentro de uma enorme banheira.
Já
trocada, desci as escadas com Heitor e quase não reconheci Pedro, meu ex-
marido tocando a campainha da casa.
Abri
a porta, estava um trapo. Ele escolheu assim e dei-lhe de presente meu diário,
estava mendigando pelas ruas, eu morava no meu sítio, então comprei uma casinha
para ele, e todos ajudavam com dinheiro eu e nossos filhos, mas não o queria
mais aqui, fizemos o desquite e assim decidiu o juiz.
Dois
anos se passaram Pedro andando só pela cidade caiu morto.
Tudo
poderia ser diferente, mas...