segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Uma bela poesia





Num pedaço de papel qualquer
Grafei uma bela e única poesia
Ela falava meu amor por Maria
Ela não me deu um olhar sequer

 No bar, amasso poesia taco no lixo
Faço outra falo do amor que sonho
Ninguém se importa comigo, sou feio

 Beijos são calientes que jogo no lixo
Abraços carinhosos e flores, também
Peço um martini, cheiro, jogo no lixo

Lágrimas eu bebo de tamanha solidão
Vejo uma  linda mulher remexer o lixo
Olha pra mim e diz: era tudo que queria

domingo, 22 de janeiro de 2017

Vida doída


Meu nome é Vera e meu peito dói a saudade de ti e para não gritar escrevo no meu diário toda dor que sinto do teu desprezo. Tu me abandonaste havia 30 anos com três fedelhos para criar e para que nós pudéssemos comer dava aulas de piano e costurava muito.
Era bonita, não me faltou pretendentes, apenas saía com Heitor, afinal ninguém é de ferro e precisava explodir toda paixão que meu corpo jovem tinha, queria se casar comigo e eu não aceitava, mas nos dávamos bem assim.
O tempo passou, meus filhos cresceram foram estudar fora se casaram e eu cá com meus cinquenta e cinco anos vou escrevendo toda mágoa que tinha no meu coração. Depois dos filhos casados aceitei morar com Heitor, meus filhos gostaram e  ele passou a viver em minha casa. Era um ótimo companheiro de todas as horas.
Com nossas duas aposentadorias e duas casas alugadas dava para viver bem e viajar a cada três meses. Adorava a praia. Heitor gostava quando colocava um maiô preto, tinha umas pernas bonitas e um rosto com poucas rugas, afinal me achava bonita e quando isso acontece nosso ego vai lá em cima.
Ele me enchia de carinhos e mimos e isso fez que um dia te disse: Heitor eu te amo. Abraçou-me com força, pegou-me no colo e fomos para o quarto e nos amamos dentro de uma enorme banheira.
Já trocada, desci as escadas com Heitor e quase não reconheci Pedro, meu ex- marido tocando a campainha da casa.
Abri a porta, estava um trapo. Ele escolheu assim e dei-lhe de presente meu diário, estava mendigando pelas ruas, eu morava no meu sítio, então comprei uma casinha para ele, e todos ajudavam com dinheiro eu e nossos filhos, mas não o queria mais aqui, fizemos o desquite e assim decidiu o juiz.
Dois anos se passaram Pedro andando só pela cidade caiu morto.
Tudo poderia ser diferente, mas...

sábado, 21 de janeiro de 2017

Espelho, meu inimigo



inimigo

Nossa como o tempo passa!
Safado, mulherengo
Veio me tirar o "sarro" no espelho?
Ele é meu pior inimigo

Como eu era lindo! Ó vida!
Você é cruel demais
Eu pegava todas as mocinhas
Hoje só pego nas banhas

Meus cabelos pretos, pele lisa
Hoje estou em frangalhos
Com cabelos e barbas brancas
Minha pele só tem sulcos

Estamos com a mesma roupa
Por que vem a velhice?
Ó espelho, meu pior inimigo
Caia fora ou vou te quebrar agora
 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Miniconto: rio sombrio




A quietude das águas que dobram seu curso nas sombras anoitecidas, chegam serenas a clarear esse solitário e melancólico observador. A semelhança das águas sombrias sem esmorecer a noite que chega sorrateira, ficando parte do rio reluzente pelo brilho das estrelas, mostrando as tochas de matos, árvores coloridas que fazem o rio dançar em suas próprias curvas de uma leve sinuosidade.
A Lua já deve ter aparecido levemente e o observador pálido não vê uma enorme queda d'água, onde os peixes estavam na piracema para desovar- o observador ficou encantado, jamais tinha visto.
A partir daí ele retornou ao rio, sereno, pois além do perigo que é desconhecido dele, apesar de ser o mesmo rio a beleza já fica de longe alcance.