Todos que passavam por ela só sentiam um perfume inebriante, um cenário lindo de relvas verdinhas e bolhas coloridas de sabão. Só eu a via...Estou curioso do porquê dessa linda deusa ajoelhada com ar de princesa aparece toda noite perto do meu jardim, às vezes, fico a espreita, mas ela nem se move.
A noite é longa e a curiosidade afeta meus devaneios, fico sem sono, levanto para, talvez, revê-la. Lá está ela na mesma posição exalando, desta vez um outro perfume, o da paixão. Enlouqueci de desejos, fui então chegando perto dela, não se moveu. Passei minhas mãos no seu rosto, explorei todo seu lindo corpo e nada senti, minha mão atravessava seu corpo como se fosse um fantasma. O fantasma da noite.
Chegou o alvorecer e ela não mais estava ali, resolvi, então, ir a um curandeiro explicar sobre essa mulher que não sinto, que deixa minhas noites sem sono e meus dias são um tormento, pois vivo pensando nela e, tenho medo que à noite eu não possa vê-la mais. Mas ela permanecia lá a noite inteira.
Já com olheiras de ficar sem dormir e ter que trabalhar o dia todo, fui me debilitando dia após dia. Minha mãe preocupada e meu pai atordoado ao ver seu único filho emagrecendo muito.
Passaram-se três dias e eu voltei ao curandeiro, ele me deu um pozinho cheiroso para jogar em todo o seu corpo para ver o que aconteceria. Foi o que fiz e, qual não foi minha surpresa quando a vi sorrir para mim, levantou-se e beijou os meus lábios. Eles eram quentes e entrei em infusão à extravasar minha louca paixão, satisfazendo todos meus delírios em poucos minutos. Parecia que o céu jogava todas as suas estrelas coloridas para nos felicitar. Cansado e com o corpo fragilizado adormeci.
Acordei com os raios solares ofuscando meu rosto, procurei a linda jovem ela tinha desaparecido. Chorei copiosamente, pois estava amando aquela mulher misteriosa e, olhando para o chão, na grama, um bilhete e nele escrito: daqui a quarenta anos mais ou menos venho lhe buscar para vivermos uma loucura de amor infinita, então conclui: fiz amor com um fantasma.
Dorli da Silva Ramos