Lá está
ela a minha espreita, olhando o relógio da vida. De repente ele começa a
falhar e sorri a danada. Me perco em medos.Não da mais tempo para nada. O
relógio para.
O que
faço, pois enquanto ela debocha de mim vou definhando pouco a pouco, me pega
pelos braços e me joga numa rasa cova só para ver meu desespero, a terra está
fria, tenho medo do escuro e sufoco nessa terrível solidão. Não lembro de nada,
só sinto o agora que me mete medo e eu estática assisto o filme da minha vida.
Ah! Se eu pudesse sair daqui, correr o mundo e avisar as pessoas que o melhor
lugar é na sua família e bons amigos. Amigos? Cadê os amigos que não vêm me
socorrer, pois daqui a alguns dias não serei mais nada (...) mais nada.
Aqui dia e noite é tudo igual: estão consumindo meu corpo que
começa a putrificar, a carne amolece; vermes sorriem, pois começa o banquete e
o que era uma perfumada fragrância é um odor fétido, cheiro de esgoto e eles
comem minha carne; não sinto nada. Estou estática, nada posso fazer, é o fim da
minha petulância.
Quero virar meu corpo e não consigo: vejo o banquete que fazem com
os meus órgãos. Êpa! Não enxergo mais, devoram meus olhos, vejo com os olhos da
mente, esses olhos que viram o que não deveria ver, que acusou, que esnobou,
agora se desfaz sereno.De repente um grito...O que será?.
Um verme é envenenado pela frieza do meu olhar e desfalece e todos
juntos numa fúria descontrolada acabaram com toda a minha carne. Só ossos que
irão esperar os seus(...) um dia.
Dorli Silva Ramos