Vivendo nos escombros de uma cidade com castelos cheios de vozes e suspiros e saturada da solidão, pois aqui só eu restei d'um terremoto de fantasmas horrendos pela briga de sete irmãos que se diziam donos dessa horrível cidade escura, tal suas almas vagantes por um mundo sem fim de estrada...Adormeci...
Alimento-me de um fiozinho de água que escorre embaixo de um único pessegueiro que ali insistia em me fazer companhia e quando chovia me abraçava com seus galhos e me apertava gostoso quando o vento passava por nós e uivava carregando com ele restos de esperanças.
Vários dias se passaram e, de repente a terra começou a tremer e eu corri em disparada junto ao pessegueiro, foi nesse instante em que meu coração sangrou de dor ao ver o pessegueiro caído, quase morto. Comecei, então, a chorar...
Não chore minha princesinha, logo uns anjos em forma de borboletas coloridas virão buscá-la para levá-la a um lindo reino, nesse seu reino que tentaram roubá-lo eu era seu guardião, ficava com você aqui para protegê-la contra as intempéries da vida e, hoje o bem sobrepôs o mau e num piscar de olhos estará reinando num lindo e perfumado Castelo casando com o seu amor, o rei.
Querida, só uma coisa lhe peço, leve uma mudinha de mim para plantar no seu jardim junto ao lindo e florido córrego e quando sentir saudades vá me visitar.
A festa foi pomposa, mas ela na sua simplicidade, levou a mudinha e plantou. Todos os dias ia lá e o pequeno pessegueiro nada falava.
Os reis tiveram que viajar para outro reino e demoraram três meses para voltar e, ao chegar a rainha rapidamente saiu correndo para ver seu pessegueiro e qual não foi sua surpresa quando o viu forte, lindo e altivo. Abraçou-me com carinho.
Minha rainha, está cada vez mais linda e bondosa...Muitos lindos filhos desejo a você.
Todos os dias, o pessegueiro recebia a visita da rainha e posteriormente dos seus filhos, mas como tudo tem um fim o pessegueiro morreu e a rainha plantou outra mudinha.
Lua Singular