quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Meus quinze anos



festa

Ó malvado tempo que levou os meus sonhos de quinze anos. Era linda, cheia de ensejos e o mau tempo rolou na minha vida por ocasião de um infortúnio que me abalou na festinha dos meus quinze anos. Mamãe havia preparado uma festinha com muito carinho para mim. Era doceira profissional.
Meus amiguinhos chegando para os parabéns e o saborear do bolo e dos docinhos feitos por mamãe. De repente "pumba" no meio de todos nós ela caiu morta. Um fulminante infarto do miocárdio deixando-nos a dor da perda. 
Guardo até hoje a roupa linda que coseu durante altas horas da noite com amor para o aniversário da sua única filha e sua "viagem" deixou no meu coração e de papai, a dor da perda.
Eu era filha como dizem "temporã", e quando cheguei, ela já tinha idade meio avançada e entremeios a enjoos, o médico anunciou a sua gravidez. Ficou feliz, mas meio cautelosa com seu estado delicado, mas papai a levava constantemente ao médico, uma dedicação constante com a sua saúde
Não guardei meu lindo vestido, doei a uma lojinha de entidade, pensando que a dor logo passaria. Quanta ingenuidade minha, pois tudo na casa lembrava a sua doçura, seu zelo pela pequena casa; meu quartinho limpinho e sempre cheiroso e todos os seus conselhos e ensinamentos.
Parecia que previa sua morte: ensinou-me a cozinhar, a lavar, passar e deixar nossa pequena casa sempre cheirando a limpeza, com uma paciência ímpar.
Fiquei só com papai e abraçamos nossas tristezas, até que de repente, após três anos do infortúnio disse ao papai: mamãe não volta mais; um dia irei me casar não vou deixá-lo nessa solidão, então ame outra vez papai, de tanto insistir trouxe uma colega de trabalho para me conhecer, quando "bati" os olhos nela uma empatia tomou conta de nós. Abraçamo-nos.
Ninguém substitui o espaço do outro, mas temos que continuar vivendo, papai casou-se com Beatriz depois de três anos da morte da mamãe e eu entrei na faculdade.
Terminei os estudos e fui clinicar num hospital perto de casa e como nada é por acaso foi nesse hospital que encontrei Jorge, que em pouco tempo nos casaríamos.
Deus faz tudo exatamente perfeito, a imagem da mamãe foi dissipando das nossas mentes ficando uma saudade gostosa. 
 

17 comentários:

  1. Que bom que voltou a deixar espaço para mensagem. Ruim só ler e não poder falar nada. Mas, aos poucos a vida mostra os verdadeiros amigos, as pessoas que nos fazem bem.
    Não se deixe abater por muitos, pois são os poucos fieis que te adoram sabem da magnitude de seus sentimentos e de toda sua história.
    Vc escreve maravilhosamente bem, descreve fatos, narra histórias lindas. Sou sua fã!
    Mesmo distante...
    Espero que esteja bem.
    Sinta-se abraçada
    Ritinha

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  2. Uma situação triste e dramática que com o tempo se foi resolvendo.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

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  3. Bom dia amiga Dorli! Passando pra revê-la, estive ausente por motivos de ordem pessoal.
    Adorei seu conto, bem elaborado e tocante demais, dá até pra visualizar a cena de desolação da garota.Gostei da atitude da mocinha, pensar na solidão do pai, é isso mesmo... A vida continua.Parabéns.
    Bjs e bom dia!

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  4. Texto muito bonito! Amei

    Beijinhos e um dia feliz.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  5. Bom dia, Dorli!
    Estórias de vida... sempre regadas de amor e dores de perda.
    É a sua estória ou um conto?

    Espero que esteja bem melhor.
    Abração esmagador e lindo dia.

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  6. Bom dia Dorli, que lindo texto!
    Pode até demorar um pouco, mas Deus sempre vem em nosso socorro, endireitando as coisas, afastando as tristezas e dando-nos alegrias!
    Beijão amiga!!
    Mariangela

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  7. Lindo e triste conto, assim é a vida, nunca se sabe os porquês, mas isso é o que pode acontecer nas vidas das pessoas!
    Minha mãe ficou órfã de mãe com quinze anos e ajudou a cuidar dos quatro irmãos mais novos, inclusive o caçula com um ano de idade, depois de um ano foi o pai dela que morreu.
    Para não irem para um orfanato, (todos menores), foram morar com os tios.
    Vida difícil, meus avós que não conheci foram imigrantes italianos, muita história para contar!
    Amei ler amiga, tanto que me despertou essa lembrança!
    Abraços apertados!

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  8. Toda menina espera pelos 15 anos, depois pelos 18 e vivemos esperando tantas coisas da vida...

    bjokas no coração =)

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  9. Querida Dorli
    Uma história de encantar! Como é que um episódio tão triste no início pode acabar num final tão feliz?! Só mesmo a sua grande e sensível imaginação.
    Parabéns.
    Um beijinho
    Beatriz

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  10. Deve ter sido uma dor terrível perder assim a sua mãe. O tempo não para e a vida continua, mas todas as lembranças que marcaram a nossa vida, vão ficando guardadas no nosso coração.
    Beijinhos
    Maria
    Um grande beijinho
    Maria

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  11. Boa tarde, desenvolve muito bem a historia que conta, meu caso, acabo por não saber se a mesma é real, a Dorli sabe na perfeição aplicar cada palavra no sitio certo.
    Bom fim de semana com muitas melhoras.
    AG

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  12. OI DORLI!
    TAMBÉM TENHO DE TE DIZER QUE ESCREVESTE COM TANTA MAESTRIA QUE FIQUEI CONFUSA SE É REAL OU FRUTO DE TUA IMAGINAÇÃO QUE SEI DE ANTEMÃO SER MUITO FÉRTIL.
    TE PARABENIZO PELOS ESCRITOS.
    ABRÇS

    http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

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    1. Oi Zilani,kkk
      Tudo é fruta da minha imaginação. Vou escolhendo imagens e guardando e todos os dias a olho, de repente uma me da uma inspiração e, escrevo uma ficção.
      Quando não é ficão eu aviso
      Obrigada
      Lua Singular

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  13. É isso aí. O tempo não apaga a saudade, mas torna-a mais suportável.
    Um abraço e um bom e divertido fim de semana

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  14. Coisa triste, Dorli! Logo na festa de 15 anos, algo que as meninas gostam tanto! Mas essas coisas acontecem mesmo e o bom da história e que foi-se procurando o melhor para todos, tendo em vista o futuro.

    É assim que deve ser.

    Grande abraço, Dorli!

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  15. Dorli que triste e alegre dia do passado.Quisera ter tido a mente que tenho hoje ou quisera ter a mente de meus 15 anos...cheia de vida sonhos e tudo caiu como areia que cai das mãos vacilantes ....triste.

    Bjs de Cristal

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    1. Cristal, essa não é minha vida. É simplesmente uma ficção, pois a minha vida foi o dobro de tristeza, mas quem tem um objetivo na vida dá a volta por cima rumo a vitória.
      Obrigada
      Lua Singular

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