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Nesta manhã
na Holanda
Penso em
René Descartes
Olhando a
água fugir
nos canais
sucessivos
como fogem
os dias
no mar
encarcerado
junto às
casas de câmbio,
eu penso,
logo existo.
E perto dos
navios
e bondes
amarelos
minha
verdade é chama
que não
existe ao vento.
Ó meu caro
Descartes,
tua certeza
é dúvida
oculta nas
tulipas
abertas para
a noite
de sol e
sacramento
Todos nós
somos sombras.
Nosso
existir é um sonho
que sonha o
pensamento
entre os
plátanos verdes
e as vacas
apojadas
que margeiam
a estrada
por onde eu
passo e penso
Antologia Poética de
Lêdo Ivo