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Que faço eu da vida, hoje só, embrenho na mata onde o silêncio conversa meus ouvidos cobrando as adversidades que tive numa vida solitária e infeliz.
O maldito dinheiro que não quis dividir com ninguém, agora me pergunto: valeu a pena juntar tanta riqueza, hoje guardadas em bancos e, ao invés de me casar ter meus filhos, formar uma família feliz, viajar com ela para conhecer outras culturas, mas não. E agora que faço da minha solidão minha única companheira?
Nessa noite fico a pensar na minha doída solidão que me maltrata por ser sovina comendo marmitex, ao invés gastar meu rico dinheiro em restaurantes finos a comer ricas iguarias. Mas a ganância de guardar e guardar dinheiro e agora? Sozinho.
Até os pássaros quando me vê batem suas asinhas coloridas e voam bem alto. A noite a lua só me da uma espiada e o estrondo do raio saindo de uma nuvem escura. Assusto e acordo para a vida.
Será que ainda haverá tempo pra mim, tenho sessenta anos, nunca trabalhei, ganhei herança dos meus pais, só paguei uma boa aposentadoria e hoje aposentado tenho tudo e não tenho nada, só a solidão que virou a minha sombra.
Cansado, adormeci na mata. Acordei com uma vontade enorme de mudar, ainda tenho tempo assim sonhei.
Cheguei no meu casebre tomei um banho saí, fui a lojas comprar roupas bonitas, entrei na joalheria comprei um lindo relógio, passei na barbearia fiz a barba cortei os cabelos. Assustei, era outro homem.
Chegando em casa joguei todos aqueles trapos fora, vesti-me como um príncipe e saí. Muitas mulheres olhavam pra mim, então pensei: ainda não estou de jogar fora. Passei numa imobiliária comprei uma mansão, arrumei um designe de interiores que deixou minha mansão um requinte.
E sem me cansar contratei vários servidores e pagava bem para eles. Ah! Ia me esquecendo contratei um excelente motorista, comprei uma Ferrari e fui viver a vida.
Não demorou muito tempo me apaixonei, sabem por quem? Não adivinharam! Pela cozinheira, uma linda morena de olhos azuis, solteira e com seus cinquenta e cinco anos. Aí contratei outra cozinheira e me casei com Beatriz. A festa foi um deslumbre, fomos viajar para vários países. Voltamos.
Eu sou Jorge e minha amada Cleide, mas mesmo assim parecia que faltava algo. Faltava os filhos que ela não tinha idade para tê-los.
Então, fomos a um Orfanato e adotamos quatro crianças: dois meninos e duas meninas. Eles ficaram felizes em saber que teriam um lar.
Cada criança tinha seu quarto mobiliado, agora minha vida matou a solidão e deu lugar a felicidade, felicidade essa que nunca tive.
Deixem de acumular riqueza, curtam a vida que é curta: amem, tenham filhos e vivam felizes.