Hoje quero dormir ao relento, fazer de um tronco de árvore meu
colchão, sem medo de fantasmas que me atormentam na cidade. Aqui só, ouço o
chilrear dos pássaros, o barulho das folhas quando o vento passa por elas, se
transformando em brisa e vindo desanuviar meus tristes pensamentos.
A noite está fria, mas meu corpo em brasas, pois há dias que meu
coração está nublado querendo fazer rolar dos meus olhos lágrimas doridas de um
amor que morreu no tempo. Meu coração está descompassado de saudades dos seus
beijos, seu sussurrar nos meus ouvidos deixando fluir uma linda declaração de
amor - Este amor dilacerou meu coração que hoje, as duras penas, está esmolando um
carinho seu.
Está anoitecendo, sinto meu corpo gelar e ouço baixinho todo o
choro da floresta, são folhas secas que se arrastam pelo chão à procura d'um
abrigo, pois a chuva não tardará a chegar. Animais dormem nos seus silêncios
profundos e eu? Minhas pálpebras querem fechar, mas de repente uma chuva forte
rompeu o silêncio da noite, o barulho foi intenso, cada animal procurando um
abrigo.
Essa noite jamais irei esquecer, onde fiquei toda molhada, mas
senti que algo tocou meu pé e me puxou: caí no colo dele, pois arrependido
voltou dizendo que todo o seu amor era meu, e em delírios alucinantes de
paixão, ali mesmo no chão molhado nos amamos.
Dorli Silva Ramos