quarta-feira, 29 de maio de 2013

Rascunho de vida ( ficção )



 Fiz da vida um rascunho, aos poucos fui riscando no papel todos os meus anseios, meus namorados, os bailes ao som de músicas românticas, as paqueras com os músicos e a pausa para beber a cuba libre no bar do clube e retocar minha maquiagem no banheiro próximo. De repente a música começa, saio sorrateiramente do banheiro sem olhar para ninguém, sabia que era a jovem mais linda do baile.
Ao chegar ao salão, os jovens se aninhavam para dançar comigo e eu com desdém apontava o pretendido para dançar. Na quarta parada, ao sair do banheiro vi um jovem moreno escuro, com os olhos azulados, passei perto dele, ele me agarrou pela cintura e rodopiou o resto do baile. Sentia aquele perfume másculo e ficava louca de tesão.
Continuei o meu rascunho:
Cinco anos se passaram e não vivi o que rascunhei.Perdi a minha juventude....
Já meio balzaquiana continuei indo a bailes, mas parecia nada tinha o mesmo sabor: por mim passavam jovens lindas e eu sempre era a última a ser convidada a dançar. A música parava e eu ficava com minha cuba libre de um lado para o outro e, nada acontecia: estava envelhecendo, voltava do baile e chorava.
Continuei o meu rascunho:
Casei-me com um solteirão, vizinho meu, mas não podia ter filhos, pois com meus quarenta anos seria difícil a gravidez e não tinha idade para criar os meus filhos.E a vida foi passando depressa, meu marido morreu, fiquei só naquele casarão.Quem passasse por lá ouvia algumas notas musicais que tirava do piano.
O tempo passou e sentada numa cadeira de balanço na varanda da minha casa, peguei o rascunho da minha vida, li e reli várias vezes. Só houve um problema: a vida nunca saiu do rascunho daqueles papéis, eu nunca a vivi.


Dorli da Silva Ramos

terça-feira, 28 de maio de 2013

Lavagem cerebral...


                                                                             
Essa noite, ao dormir, quero fazer uma lavagem cerebral, esquecer de tudo e de todos que um dia passaram por mim, me amaram, me odiaram e me fizeram sofrer. Amanhã de manhã vou ser uma onda, portanto não terei sentimento ruim, nem nome, residência, vou morar em todos os cérebros que um dia tiveram contacto com o meu, podendo fazer só boas coisas a todos que de mim não tiverem medo. Medo de que? Uma onda? Ela é desprovida de sentimentos ruins, ela irá povoar seus neurônios todas às vezes que eu for solicitado para fazer o bem, se pedir o mal, farei no pedinte uma forte lavagem cerebral, irá virar uma criança que terá que se virar sozinha e aprender a ser boa. Quando o dever for cumprido, devolvo-lhe seus neurônios limpos e voltará para seu lugar.
Todas as noites sem prenúncio de chuva, ondas coloridas e cintilantes irão passar por todas as cidades do mundo: feche os olhos, se tiver medo, mas se não tiver peça algo inusitado que seja do bem, o seu pedido só será aceito se tiveres no coração um único adjetivo: o perdão, se desprovido dele, perde seu tempo, pois o perdão é só o que quero para fazer desse mundo, um outro onde pessoas irão se amar para sempre e nada faltará a ninguém.
Convenhamos que a matemática é exata, mas milhões de pessoas a usam para tentar driblar a outrem, mas a mim ninguém conseguirá, pois sou uma onda onde tudo sabe e pode tanto destruir o que for imundície, sobrando o amor e a alegria de viver.
Quando as mentes da maioria dos humanos quiserem que seus irmãos sejam como eles, então, o mundo será outro: não haverá disputa, inveja e só a compreensão e o amor sobreviverá em seus corações.


       Dorli Silva Ramos

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Meu país ( reedição )



O Brasil é por natureza lindo em algumas regiões. Ele ocupa a 6ª maior economia mundial, mesmo sabendo que é um dos países que possui mais água doce do mundo, a sua distribuição não é uma boa equação.
No Nordeste, há a seca que judia, mata o gado, as plantações e as ilusões dos pobres sertanejos e, não tendo outra alternativa, migram com suas famílias rumo a outros Estados, sendo o mais procurado o Estado de São Paulo.
Chegando na capital do Estado ficam maravilhados com a cidade grande e, têm a esperança de uma vida melhor e um bom emprego. Quantas ilusões de prosperidade. Decepcionam, pois com pouco estudo e, não tendo onde morar e nem emprego vão morar debaixo dos viadutos, deixando suas famílias à mercê dos bandidos que os oferecem a melhor faculdade, onde não precisa fazer cursinho, nem vestibular para entrar nela: É a Faculdade do Crime. Não é todo sertanejo que se submete a tais propostas e, muitos vão comer restos no lixão, vender sucatas para conseguirem voltar pro sertão.
Muitos migrantes vêm para as cidades do interior para o corte de cana, que está cada dia mais escasso, pois as máquinas tomaram os seus lugares; sobrecarregando os municípios dormitórios, vivendo em cortiços amontoados e fétidos, dando gastos extras para a municipalização como: saúde, moradia, alimentação e educação e, nessas cidades o número de criminalidade aumenta em grandes proporções. Existem pessoas de boas e más índoles em qualquer lugar.
O Rio Tietê atravessa o Estado de São Paulo. Há uns quarenta anos era navegável, suas águas eram límpidas e cristalinas: dava-se para nadar e pescar.
Em se tratando da capital, o Rio Tietê recebe toda a podridão das indústrias e o descaso de seus habitantes que jogam entulhos nele.
Quando se chega  à bela metrópole, passando quase que obrigatoriamente pelo Rio Tietê, sentimos um fedor podre que nos enoja  também nos envergonham pela sujeira, a beleza da capital.
Que país é esse que está se igualando aos melhores do mundo nessa lerdeza de concretização de projetos essenciais e, olhe que pagamos os maiores impostos.
O governo já recebeu projetos para a despoluição do Rio Tietê que ficaram guardados nas gavetas e, com certeza, já estão amarelados pelo tempo.
O Brasil deveria copiar sem desdém o exemplo de despoluição do Rio Tâmisa, na Inglaterra, onde hoje os peixes nadam, retirando o oxigênio de suas águas despoluídas, além da beleza dos passeios à barco enchendo o coração dos apaixonados de mais amor.
Por que no Rio Tietê não se pode fazer nada? Nem para os pobres sertanejos? Aonde foi parar a vontade política do  Brasil, lindo por suas belas paisagens?
Portanto, meus leitores, apesar de tantos problemas que temos, aqui ainda é o melhor país do mundo para se viver.



Dorli Silva Ramos

Viajando sonhos



As brancas nuvens desceram à terra
Um trem colorido apitava sem parar
 Apavorados, com medo ficamos, entrei
 Num trem desconhecido, estava vazio

Olhando pela janela pude ver o belo
Uma colorida natureza linda e intacta
Com grandes rios, mares e animais
Não havia nenhum ser humano...

Ele deslizava as nuvens brancas
Não havia maquinista, estava só
Então comecei a chorar a solidão
Dormi, acordei o trem estava cheio

Crianças correndo, pessoas falando
Não conhecia ninguém. De repente
Meus amigos começaram a entrar
Senti falta de alguns, doeu o coração

Mas noutra estação estavam todos lá
Foi uma alegria total, coração sorriu
Pudemos ver as estrelas coloridas
A famosa lua dos eternos namorados

Era outro mundo, outro viver feliz
Conversamos com o sol escaldante
Mas um grossa chuva de pedras caiu
Pelas janelas pegava as pedrinhas... 

De repente um grande solavanco no trem
O que será? O maquinista apareceu
Vamos voltar à terra com urgência
Seus pecados estão balançando os vagões

Voltamos à terra com muitas tristezas
Pois iríamos conhecer todas as galáxias
Senti uns pingos d'águas cair meu rosto
Acordei, chovia, tinha goteira no telhado


Dorli Silva Ramos


Abaixem a "setinha" até o fim, tem surpresa.