sexta-feira, 31 de maio de 2013

As estrelas e a flor (reedição)



As estrelas brilham no céu
Com o nascer d'uma bela flor
Na sutil primavera
A mais amada das estações

As estrelas nos regam com amor
Onde explodem grandes paixões
A flor nasce no campo aberto
Com esplendor e suave perfume

Amo as estrelas e a flor com ardor
A flor oferece-se ao nosso amor
Que é estrela aquecendo a flor
As duas se unem com grande calor

Nesse enlace se completam
Pois se uma  flor morre no alvorecer
As estrelas brilham ao anoitecer
Para o ressurgir d'uma nova flor


Dorli Silva Ramos

Delírios noturnos



Em qualquer canto da noite, à beira d'um riacho, ao pé do jatobá; um sono funesto toma conta do meu corpo e, durmo abraçada a duas rosas, a vermelha é a insanidade dos meus desejos carnais e a branca é a saudade d'um amor que matou meus sonhos e se esvaiu por uma estrada sem fim.

Na dormência do meu corpo é onde encontro inspirações para lhes escrever, pois não sou eu e sim um delírio obcecado com vontade incontrolável de ceifar aquele maldito que sem destino se foi, deixando meus  desvairados sonhos pela metade. Preciso achá-lo nem que tenha que morrer para devolver-lhe a outra  metade dos meus instigantes e cruéis sonhos.

Não sou nada, mais pareço um espectro vagando durante o dia em pecados insanos, pois preciso comer para dormir e sonhar com você, ser asqueroso dante inimaginável. Destruiu meus lindos sonhos de mulher à ser uma vadia qualquer, dormindo em becos para poder sonhar e acabar minha estória.

Já cansada das orgias, algo insólito aconteceu aquela noite: fui caminhando até chegar embaixo de um pessegueiro. A lua e as estrelas dormiam, parecia um breu, nisto senti dores pelo corpo, foi onde percebi minha silhueta toda costurada. Estava morta. Aquele maldito me matou: levantei sorrateiramente e, não longe dali, com meus olhos de raios x eu vi: era ele dormindo, lindo como as nuvens sombrias e, nesse dia elas escureceram, ficamos os dois em delírios.


Dorli Silva Ramos

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Adeus na estação



Hoje choro ao recordá-la na estação
Com seu lindo vestido vermelho
Na mão um lenço à enxugar as lágrimas
Que dos seus lindos olhos caiam

O tempo passou como um rio corrente
Deixando pra trás o meu amor
Hoje arrependido, velho, sinto saudades
Da cabocla linda que ficou na estação

Ainda ouço o apito do trem sossegado
Da alta janela beijou meus lábios
Prometi a ela que um dia viria buscá-la
Para ser a rainha do meu coração

Os anos passaram depressa, só lembranças
Já velho e debilitado sinto saudades
Da única mulher que chorava na estação
Meu coração ficou talhado de dor

Perdi meu amor por ganância
Pois fugi com uma mulher rica pra capital
 Me abandonou no meio do caminho
Só me restou a dor e solidão

Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Rascunho de vida ( ficção )



 Fiz da vida um rascunho, aos poucos fui riscando no papel todos os meus anseios, meus namorados, os bailes ao som de músicas românticas, as paqueras com os músicos e a pausa para beber a cuba libre no bar do clube e retocar minha maquiagem no banheiro próximo. De repente a música começa, saio sorrateiramente do banheiro sem olhar para ninguém, sabia que era a jovem mais linda do baile.
Ao chegar ao salão, os jovens se aninhavam para dançar comigo e eu com desdém apontava o pretendido para dançar. Na quarta parada, ao sair do banheiro vi um jovem moreno escuro, com os olhos azulados, passei perto dele, ele me agarrou pela cintura e rodopiou o resto do baile. Sentia aquele perfume másculo e ficava louca de tesão.
Continuei o meu rascunho:
Cinco anos se passaram e não vivi o que rascunhei.Perdi a minha juventude....
Já meio balzaquiana continuei indo a bailes, mas parecia nada tinha o mesmo sabor: por mim passavam jovens lindas e eu sempre era a última a ser convidada a dançar. A música parava e eu ficava com minha cuba libre de um lado para o outro e, nada acontecia: estava envelhecendo, voltava do baile e chorava.
Continuei o meu rascunho:
Casei-me com um solteirão, vizinho meu, mas não podia ter filhos, pois com meus quarenta anos seria difícil a gravidez e não tinha idade para criar os meus filhos.E a vida foi passando depressa, meu marido morreu, fiquei só naquele casarão.Quem passasse por lá ouvia algumas notas musicais que tirava do piano.
O tempo passou e sentada numa cadeira de balanço na varanda da minha casa, peguei o rascunho da minha vida, li e reli várias vezes. Só houve um problema: a vida nunca saiu do rascunho daqueles papéis, eu nunca a vivi.


Dorli da Silva Ramos