Nasci numa casa no campo rodeada de flores naturais de todas as
cores e tamanhos. Perto de casa havia uma pequena manancial, onde sozinha ia
nadar embaixo da ponte naquela água cristalina conseguia sentir o cheiro do
mato molhado. A brisa era minha companheira, passava por mim quando já cansada
de nadar indo me aconchegar na beira do riacho.
Deitava na relva para sentir o vento roçando meu rosto para me secar. O
sol me sorria e começava o ritual de rodopios para me secar, além de me beijar o
vento secava meus cabelos e toda a minha roupa e, quando dava por mim, o pôr do
sol estava despontando lá no horizonte no alto de um morro. Que maravilha!
Vinha me avisar que já era hora de voltar para casa.
Chegando em casa, tomava meu banho com um sabonete cheiroso,
depois ia jantar junto com meus pais. Meu cachorrinho embaixo da mesa ficava
me olhando virando o carinha e sempre lhe sobrava um ossinho para se lambuzar.
No alvorecer pegava uma charrete do meu pai e, sozinha ia até a
cidade para estudar. Os garotos vinham me paquerar em com sutileza dizia que
não, pois para mim o amor tem que acontecer ao acaso. Voltava.
Depois de ajudar mamãe nos afazeres de casa e fazer meus deveres
escolares, dizia "inté" e rumava à manancial para fazer
sempre as mesmas coisas. Ao me encontrar embaixo da ponte "ôpa", um
barulho diferente, escondi-me entre as moitas à beira do riacho e esperei:
fiquei boquiaberta ao ver não longe de mim um lindo jovem se jogar no riacho e
muita água molhou meu rosto e ao tentar limpar com as mãos escorreguei no rio.
Ele me olhou...
Quem é você? Eu lhe disse:
- Sou a filha do sitiante. Muito prazer, eu sou seu primo em
segundo grau, moro na capital e vim tirar umas férias aqui.
Logo saímos do riacho e chegamos em casa, percebi que o sol, o
vento, a brisa ficaram com ciúmes de mim, mas precisava voltar.
Depois de alguns dias...
A noite saímos no quintal perto de casa ao som das galinhas, dos
porcos e do meu cachorrinho, vimos o céu estrelado e nos entreolhamos enquanto
a lua nos sorria, nos beijamos.
Após três anos nos casamos, estranhei muito morar numa cidade
grande, mas o amor é mais forte do que a movimentação dos transeuntes se
esbarrando nas calçadas.
Hoje, durante as férias vamos ao sítio, rever meus pais e relembrar nosso amor no nosso riacho
e quando chegamos a natureza nos sorri de felicidade.