As pessoas maduras e jovens da década de sessenta eram muito mais
felizes do que as de hoje. Na metade dos anos sessenta eu era uma jovem até um
pouco atrevida para a minha época. Namorava muitos rapazes, às
vezes três de uma única vez, gostava de brincar de esconde- esconde com eles, nada era sério, mas sentia-me feliz das audaciosas brincadeiras com os
namoricos. Tinha uma amiga que ficava de olho quando por acaso aparecesse dois
de uma só vez. Tirava os saltos altos e corria pelas ruas da minha pequena
cidade para esconder-me em minha casa. Não falava nada e, ia dormir. Que
dormir! Achava graça do vaivém dos namoricos.
Era muito feliz, meu compromisso era só estudar e paquerar os
jovens mais bonitos da cidade e das cidades circunvizinhas. Os bailes então...
já tinha meus parceiros para dançar que vinham de outras cidades e lá ia eu
rodopiando, aliás com minha mãe por perto, até quase ao amanhecer. Enquanto
dançava jogava olhares maliciosos para os lindos jovens da orquestra e assim fui
vivendo até encontrar meu verdadeiro amor.
Andava de lambreta, de Gordine e almoçava com ele nos restaurantes
da cidade vizinha o dia que tinha estágio na escola.
Na escola era muito feliz, os rapazes traziam da cantina da escola
delícias para eu comer e a cada um colocava um apelido: porquinho, risadinha e
muitos outros. Até os professores eu conseguia, naquele tempo, driblar e matar
algumas aulas para namorar.
O uniforme era saia plissada, dois dedos abaixo do joelho, camiseta
branca, um sapato que achava horrível (preto) e meias brancas soquetes. Ninguém
falava em drogas e muito menos em depressão. A vida era calma e
saudável e eu soube aproveitar bem esse tempo.
Não perdia nenhum baile, gostava de dançar de tudo e sorria,
sorria muito para a vida...Não tinha tudo que queria, pois meus pais estavam
fazendo os seus pezinhos de meia, mas eu me virava com alguns trabalhos manuais
que os vendia à vista.
Hoje, a ambição tomou conta de quase toda a humanidade, dinheiro,
status e muitas dívidas para comprarem carros do ano, roupas de grife, muitos
cartões de créditos estourados. É lógico, com toda essa ambição é um convite
para a depressão.
O namoro virou ficar, não se faz mais a diferença. Tudo é normal,
crianças nascendo fora de hora, mães desesperadas à cuidar desses filhos que
não foram feitos com amor e sim de uma simples transa inconsequente. Aí, a vida
ficou banal e os jovens dizem que não têm sorte.
Meus leitores, a vida somos nós quem a traçamos. Vivamos com
dignidade e amemos as pessoas, as crianças e o mais importante vamos
sorrir muito e procurar amizades alegres, pois hoje a população mundial
aumentou assustadoramente e, está ficando um pouco difícil viver. Mas temos que
lutar e vencer e não deixarmos essa maldita depressão impregnar nossa vida.
Tem cura a depressão? Sim e muito fácil, não precisa nem de remédios: Ser o que somos e vir a ser um dia o que formos capazes de ser, essa é minha receita. Ela não me pega.
Não tenhamos pressa de morrer, a vida ainda é bela para quem tem
a cabeça no lugar e um sentimento gostoso de poder conversar com as flores, com os animais, acordar com a brisa no alvorecer e dormir com a beleza do pôr do sol.