sábado, 19 de outubro de 2019

Criança jogada ao léu




Quando nasci sem ser planejada pelos meus pais fui jogada ao "léu", isto é, era como se fosse uma peça descartável que não havia nenhum lugar dentro de seus corações e, assim fui crescendo com ajuda de vizinhos, pois meus pais iam trabalhar na roça e eu ficava a mercê e chorava um choro doído que comovia os que moravam na fazenda e a cada dia uma vizinha me levava pra casa para me livrar da morte.
Um casal que não tinha filhos foi ao juizado de menores, pois queriam me adotar já que meus pais, pelas suas atitudes queriam que eu morresse de fome ou impregnada de vermes tal era os seus desprezos por mim. Que culpa tinha o bebê?
Quando meus pais chegaram da roça, o juizado de menores estava nos aguardando para entregar uma intimação. No outro dia, já na cidade eles se dirigiram ao Fórum da cidade. Lá aconteceu  todos os trâmites e eu fui morar com a outra família, tinha cinco anos e não era registrada, foi quando o registro foi feito no nome do casal que ganhou a minha adoção plena por abandono de menor.
Por incrível que pareça a garota foi quem escolheu o seu nome: "Esperança" e assim foi feito o registro normal.
Mudamos para Santos e me registraram em nome dos meus pais verdadeiros e, depois de dois anos de adoção plena foi feito outro registro normal em nome dos que hoje são meus pais. Como eles me tratavam bem... Ia com ele para a praia todos os domingos, brincava na areia e mamãe me levava para dentro  do mar e ali brincávamos, depois íamos comer peixe e minha sobremesa era sorvete. Ah!. Como eles me amavam.
De repente do nada, sem que ninguém soubesse minha mãe começou a engordar aí, passei a mão na sua barriga e gritei: meu irmãozinho está chorando. Como filha, mamãe só tem você que foi o anjo que matou tristeza.
Nossa casa era grande e os dois trabalhavam, eu ficava numa escolinha particular de meio período foi até que um dia papai disse: mamãe vai ao médico, todos fomos. Deu-me um banho cheiroso, colocou-me um vestidinho de organza cristal rosê  e um lindo laço de fita em meus cabelos. Como era feliz!
Papai tirou o carro da garagem colocou-me em segurança atrás e rumamos ao médico, depois de alguns exames, deu um papel branco para que ela fizesse exame de urina: voltamos ao médico em três dias: "na mosca", depois de sete meses nasceu Rafael, meu irmãozinho.
Como fiquei feliz! Teria com quem brincar enquanto não estava na escola.
Sempre soube que era filha do coração, entrei na Faculdade de Medicina, sempre quis salvar crianças, foi daí que escolhi ser médica pediatra, depois da Residência já tinha meu consultório com uma enfermeira e outra que ajudava na limpeza. Todos os dias o consultório ficava lotado, pois perceberam que eu amava muito as crianças.
Nunca ninguém soube que era adotiva, desconfiavam, pois era morena parda dos olhos azuis e cabelos pretos.
Logo encontrei um bom homem, nos apaixonamos e tivemos gêmeos para a felicidade dos avós "corujas".
Enfim, trocamos amor e felicidades e bem mais tarde, nossos irmãozinhos ficavam com as duas babás sob os olhares da vovó para ver se elas estavam tratando bem seus netinhos. 
Que família eu cresci! Logo meus irmãozinhos cresceram e nas férias íamos passear cada ano numa cidade turística.
Como diz o ditado:
"Sorte é pra quem tem e não pra quem quer".

10 comentários:

  1. Tantos casos assim e que sorte tem as crianças que encontram pais que verdadeiramente as amam e fazem bem crescer! Lindo! bjs, chica

    ResponderExcluir
  2. Uma história de vida que gostei de ler!
    Bom fim_de_semana Dorli

    ResponderExcluir
  3. Bonito conto!:)

    Beijo...Boa tarde...Bom fim de semana.

    ResponderExcluir
  4. Que história linda Dorli!
    Acho um dom divino a adoção.
    Bjs e um ótimo final de semana.
    Carmen Lúcia.

    ResponderExcluir
  5. Olá querida Dorli .
    Uma linda história, a menina teve sorte sim, eu como filha adotiva que fui, só ganhei sofrimento na infância e maus tratos. Graças a Deus cresci e venci!alento
    Gostei da narrativa, bem elaborada.

    Bom sábado.

    Bjss

    ResponderExcluir
  6. Gostei do post
    Bonito texto
    Bjs
    Kique

    Hoje em Caminhos Percorridos - MULHER...

    ResponderExcluir
  7. Uma história linda e comovente:)) Obrigada. parabéns... :))

    Hoje :- Melancolia da lágrima

    Bjos
    Votos de um óptimo Domingo

    ResponderExcluir
  8. Que criatividade, querida Dorli, uma história que comove, nos faz pensar que isso existe e muito! Existe sorte, sim! Muito bem contada.
    Beijo, uma linda semana!

    ResponderExcluir
  9. Olá Dorli
    Linda história, a adoção é um ator de amor. Bjs querida.

    ResponderExcluir
  10. Una bella storia di vita, un pò commovente.
    Buon fine settimana.

    ResponderExcluir