quarta-feira, 22 de maio de 2013

Acostumei-me sem ti




Os dias são intermináveis nessa sacada
Tenho que me acostumar ficar sem ti
Olho o vazio que faz morada ao redor
A saudade amortece meus lábios sedentos

Há uma semana estávamos os dois aqui
Senti teu corpo gelado, mãos tremiam
Queria me dizer algo, mas a voz não saía
Olhei teus olhos vazios - o amor acabou?

Abaixou a cabeça sem precisar dizer nada
Teus olhos agora cheios de lágrimas, balbuciou:
Meu coração foi roubado de ti por outra mulher
Senti minhas pernas tremerem, como senti...

O tempo passou, acostumei-me sem teu cheiro
Vasculhei a casa inteira e um achado encontrei
Uma carta que não conseguiu entregá-la a mim
Tinha uma doença incurável, não quis me dizer

Deveras havia morrido muito longe da sacada
Com flores vermelhas entrei na tua nova morada
Tua foto sorria para mim, debulhei lágrimas de dor
Sei que tenho que me acostumar sem ti, amor...


Dorli Silva Ramos

terça-feira, 21 de maio de 2013

Paixão



Pobres pecadores à procura da paixão
Ela não é amor, pois amor é serenidade
Quando ela vem nos tornamos destemidos
Para embalarmos como criança desprotegida

A paixão tem curto tempo de validade
Logo se acaba e saímos machucados
Vindo lágrimas e suspiros de saudades

O tempo passa e com ela carrega esse mal
Para irmos à procura de uma nova vida
Eis que de repente nos deparamos novamente
Com outra paixão vinda sorrateiramente

Quando é, meu Deus que vai parar
Essa vida de tropeços apaixonados?
Só a velhice poderá responder...

Dorli da Silva Ramos

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A sombra




Não sei o que acontece comigo
Pois sempre sinto uma sombra atrás de mim
Não tenho medo viro-me e ela desaparece
Será que é de alguém que muito amei?

Ou de alguém querendo pedir perdão?
Não diz nada, isso me aborrece
 Faço uma prece, ela desaparece
Mas sempre volta a me atormentar

Foi muito pior há alguns anos
As janelas balançavam, a cama tremia
Levantava pensando ser uma ventania
 Abria a janela e nem as folhas das árvores
balançavam e a sombra aparecia

 Fazia algum tempo que não ela aparecia
Hoje ao lavar as louças, eram duas sombras
Fiquei com medo, me virei elas desapareceram
Até quando vou aguentar esse tormento?

Dorli Siva Ramos
( Não é ficção)


Aviso. Essa postagem fui reeditá-la e baguncei tudo, a perdi tive que fazer outra. Há muitos anos uma pessoa por mim querida  morreu e me traiu muito, não conseguia perdoar. Como o tormento era diário, perdoei e nunca mais tive essas visões. Tá tudo em paz agora, mas tenho premunições quando alguma coisa vai acontecer, isso vem de família...
Dorli

domingo, 19 de maio de 2013

Despedida ao pôr do sol



Com tristeza nos despedimos no pôr do sol
Há longos quarenta anos estou aqui
Esperando sempre um dia a tua volta
Mas, infelizmente tu não mais voltaste

Se um dia sentires saudades de mim
Saibas que estarei sempre no mesmo lugar
Na mesma praia, o mesmo pôr do sol
Conversando com as estrelas e a lua chorosa

Não tenho mais o mesmo vigor de outrora
Mas meu coração não esqueceu o amor
Os dias que passeamos na praia com a brisa
Enxugava meu rosto com teus beijos

Nosso lindo ninho de amor ainda te espera
 Reconhecerás a mesma colcha de areia
Embriagaremos de desejos e amor
Só acordando com os raios do alvorecer

 


Dorli Silva Ramos

sábado, 18 de maio de 2013

Minha linda musa



Oh! Júlia, minha musa poética
Vejo-a entrar no mar semi-nua, linda
Teus cabelos longos descem teu corpo
Uma onda quebra, fico a pensar
  
Meu corpo ferve de desejos insanos
Entro vagarosamente no mar...
Júlia se assusta e cai nas geladas águas
Amparo-a com as mãos quentes

Quando vejo os teus olhos azuis
 Coloridos tal as águas do mar revolto
Não resisto a uma doida paixão
Meus lábios bebem os teus alucinados

Júlia olha meus olhos verdes e sorri
Desliza as mãos no meu corpo com sutileza
Envolve teu corpo nu no meu ansioso
Nos amamos até saciarmos nossos desejos


Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 17 de maio de 2013

E a vida passa ( reedição )




Mulher jovem é linda com o rebolado de cigana
Sua roupa vermelha tal qual suas paixões
E nesse vaivém sufoca corações ardentes
A tê-la pelo o menos uma única vez

Seu olhar é penetrante que seduz quem a vê
Joga um sorriso malicioso e recomeça o rebolado
Seu olhar não é único e sim para todos os olhares
Um olhar sedutor de quem vive só de paixões

Ninguém consegue fazer vibrar seu coração
Parece que o tempo para o seu relógio
Sua sensualidade enlouquece mil corações
Maltrata, ri, esnoba e "mata" muitos homens

E a vida passa...ela envelhece, sua pele seca
Não tem mais a maciez das pétalas de rosas
O tempo a faz chorar o tempo de glamour
E também chora o seu tempo de desencanto


Dorli da Silva Ramos

A procura de você






Muitos caminhos andei a procura de você
De repente algo me puxava para um lugar
Ao chegar meu corpo estremeceu...
Fiquei gelada ao ver o cenário macabro

Castelo perto e outro longe de mim
Até a lua corria de medo dos urubus
Mas, eu não tenho medo de nada, desviava
Das pedras, até chegar ao mar borbulhante

Algumas estrelas brilhavam ao longe no céu
O vento soprava forte, cabelos desalinhavam
Minhas poucas roupas esvoaçavam
Nadei até chegar naquele lugar obscuro

A porta estava aberta e você amor, à espera
Levou-me a banhar-me num espaço quente
Trouxe um lindo vestido da cor do mar
Pintei meus lábios de vermelho, e gritou:

Não faça isso, pois sinto gosto de sangue
Por que? Você adorava essa cor?
Não percebeu ainda meu lindo amor?
Eu morri afogado bem perto daqui

Corri para o mar, afundei a cabeça no mar
Fui chegando vagarosamente até você
Por que fez isso, minha linda princesa?
Porque quero ficar para sempre com você


Dorli da Silva Ramos


quinta-feira, 16 de maio de 2013

O som e o perfume da natureza( reedição )




Como seria bom acordar com os sons da natureza
O barulho das quedas d'água, o perfume das matas
O cocoró do galo o churrilhar dos pássaros
Tomar banho na cachoeira, nadar com os peixes

Tomar café quentinho feito no coador de pano
Aquecer as mãos no fogão a lenha, beber leite puro
Jogar conversa fora, brincar com os muitos filhos
 Beijar a mulher e ouvir o tum.tum.tum do coração

Passear todos pela floresta ouvir os sons dos animais
Sentir o perfume das flores, árvores, pisar nas folhas
Chegar perto de um rio e ouvir o barulho das águas
Estão felizes, pois logo se encontrarão com outras

Tudo poderia ser maravilhoso se possível fosse
Moro num arranha-céu e debruçado na janela:sonho
Sonhar é bom, sonho não tem preço, pois se o tivesse
Dividiria todos os meus bens pra viver naquele lugar



Dorli da Silva Ramos 

Bebo...


Bebo meus sonhos desfeitos
Meus beijos doados
Minha vida em pedaços
Minha mente vazia

Bebo meu amor que se foi
Levou meus anseios
Deixou minha alma em frangalhos
Meu coração à sangrar

Bebo a vida sem rumo
O triste abandono da lua
As estrelas brilhantes que choram
O mar que adormece na praia

Bebo minha doída solidão
Que acelera meu triste coração
Meus lábios que adormecem
De saudades de ti

Bebo mais um desengano
Mais uma dura traição
Mais uma lágrima que evapora
Mais uma mesa vazia

Bebo mais um sonho novo
Que veio preencher os meus dias
Acalentar meu corpo gélido
Beijar meu sonho real

 

Dorli da Silva Ramos

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Onde está a sabedoria?



Está em cada gotícula de orvalho pendurada nessa enorme teia. Convenhamos que são muitas sabedorias, mas elas só serão vistas por cada um de nós de uma forma diferente. Que a busquemos...


Se eu duvido tenho que questionar
Para descobrir a verdade
Ser sábio é deixar cair uma lágrima
Para aliviar o coração

Sendo  a dúvida o princípio da certeza
Vamos buscá-la com garra
Façamos jus a fiel sabedoria
Não deixemos nos enganar

Saber calar na hora certa faz de nós
Um sábio em potencial
Ouvir os mais velhos nas vivências
Afasta de nós os fracassos

Humildade não é sinal de fracasso
É saber a hora certa de voar...
Mesmo que as lágrimas rolem de tristezas
Pedimos a Deus a Sua sabedoria

O silêncio é a arma do discernimento
Não é esconder sua sabedoria
É guardá-la para usar na hora certa
Sem precisar machucar ninguém


Dorli da Silva Ramos

Uma beleza singular





Sozinha, sentada entre pombos brancos
Cabelos desalinhados à espera do nada
Sem saber se é o alvorecer ou o anoitecer
Entre árvores fechadas sente a chuva 

Esta chuva fina mais parece uma brisa perdida
Tal está o seu pensamento triste e singular
Olha a sua volta só ouve o arrulhar dos pombos
Que  acompanham sua vida frígida e nua

Nem as flores querem enfeitar sua tristeza
Pequeninas choram sua intensa solidão
Só a relva verde sobrevive tamanha dor
Ao ver uma beleza morta em forma de mulher

Perdeu a ilusão da vida? Acorda! Está com você
Levanta desse banco gelado e vá amar você
Nesse contexto, feliz, bela e deveras feliz
Um grande amor haverá de cruzar seu destino

E fazer morada...

Dorli Silva Ramos


terça-feira, 14 de maio de 2013

Não cuspa no prato que comeu


cuspir

Não cuspa no prato que um dia comeu
Veio engatinhando e muito faminto
Comeu tudo do prato até se lambuzar
Agora satisfeito cospe no prato que comeu

É assim que fazem todos os oportunistas
Mas, um dia o prato vai lhe fazer falta
Ele não existe mais, espatifou-se no chão
Inexistirá no mundo cola capaz de colá-lo

Já mendigando sua própria ignorância, chora
Suas lágrimas secarão ao cair no chão
Nenhuma chuva cairá na sua horta e lembrará
Que cuspiu no primeiro prato que comeu

A vida é mesmo assim, ninguém fica impune
Se as leis dos homens não funcionam
A lei de Deus é mais forte que o "vento"
Que um dia de cima você quis me derrubar
 


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Libertação dos escravos





Comemoramos todos os anos a libertação dos escravos com a carta assinada dia 13 de maio de 1888, pela princesa Isabel para libertar todos os escravos! Quanta ironia e quantas omissões de verdade passamos para os nossos alunos e filhos! A princesa Isabel  ficou acuada e assinou a Lei Áurea. A escravidão é maior cancro que assola o país. Brasil, um país lindo por suas paisagens naturais e suas riquezas  e, da África, continente pobre onde traficantes negros venderam seus próprios irmãos para as suas sobrevivências. Eu morreria de fome mais não venderia meu irmão.
O começo de toda essa podridão foi a desgraça que Pedro Álvares Cabral fez ao chegar ao Brasil junto com uma corja de ladrões e assassinos libertos para aventurarem em mares distantes para tomar posse do Brasil. Eram tigres carniceiros, sem nenhum pudor e humanidade e, não conseguindo escravizar os índios, os donos das terras, foram comercializar negros na África e os venderam como bois de raça para os ricos fazendeiros. Comercializar vidas humanas? Antes Deus tivesse acabado com o Mundo, assim não teríamos que lembrar dessa nossa vergonha.
A libertação  dos negros foi apenas uma caneta que assinou essa leizinha, pois os negros foram libertos dos trabalhos forçados, saindo de uma situação humilhante para ser um brasileiro pobre e discriminado até hoje.
Quem tem os melhores trabalhos, cursam as melhores escolas? São uma minoria rica branca que olham para os negros como se fossem dejetos fedorentos sem nenhuma inteligência. E como eles são inteligentes!
Onde moram os descendentes dessa terrível escravidão? Em casas populares sempre bem afastadas da cidade, nos morros favelados e nas ruas comendo os restos putrefatos que os mais abastados jogam fora e, o mais humilhante, remexendo os lixões à procura de comida.
Ser negro e pobre em qualquer nação é o maior escárnio. Quantas humilhações!!!
Comemorar a Libertação dos escravos? Que libertação é essa se os negros saíram da escravidão com os bolsos vazios e  muitos sem nenhuma leitura para viverem na pior humilhação que é a discriminação e, muitos para sobreviveram vão matar e roubar os descendentes dos grandes coronéis, aliás, estão tão desnorteados que não escolhem mais suas vítimas.
Portanto, meu caros leitores: pouco adiantou a luta de alguns brancos sensíveis e a luta de Zumbi dos Palmares que morreu com uma decência inigualável, pois a escravidão piorou: não é só dos negros, mas dos seus descendentes e dos miseráveis pobres brancos que irão perpetuar esse nosso lindo Brasil.

Lua Singular comenta: A Terra é o Inferno e onde estará o Céu?

A juventude




É a exploração da ousadia
Da beleza sutil e natural
Meiguice toma conta do olhar
Dos lindos sonhos de amor

A pele parece tecido de seda
Olhar profundo e confuso
Lábios ávidos de beijos
Cabelos longos ao natural

Tudo é maravilhoso nessa fase
A chuva é diamante que cai
Sol é o sorriso do desejo
Noite é bailado de paixões

Mas tempo passa depressa
A ousadia não tem mais a força
A meiguice se torna ousada
Sonhos? Já muitos realizados


Dorli Silva Ramos

domingo, 12 de maio de 2013

O Sol nasceu pra todos (reeditando)




O sol nasce para todos os seres vivos
Procure modificar seu jeito de ser
Pra poder deixar os raios solares
Explodirem seu coração de boas ações

Se você não pode ver o pôr do sol
Sentirá, se aquiete ele o verá
E pedirá a Deus a sua cura
Pois você merece ver o alvorecer

No alvorecer acordamos para vida
Trabalhos, estudos e correria
No pôr do sol é para os apaixonados
Aproveite bem os dois momentos

Não reclame o seu dia a dia
Muitos problemas, más notícias
Pois o Sol não tem férias como nós
Amanhece e anoitece sem reclamar


Dorli da Silva Ramos


sábado, 11 de maio de 2013

Mãe: sinto tua falta



Mãe, sei que estás feliz nos céus
Sinto tua falta em momentos de festa
Meus dias são intermináveis sem ti
Um vazio enorme toma conta de mim

Mãe, tu fostes minha filha também
Tuas pernas não moviam mais sua casa
Mas teu coração era de profunda gratidão
Tratei-a como um lindo bebê de colo

Tuas fortes dores refletiam o meu corpo
Eu me refugiava no meu quarto e chorava
Perguntava a Deus: Por que ela sofre?
Não ouvia nada e lágrimas jorravam de dor

 Tempo passou e tu permeias meu pensamento
Ainda ouço o barulho da cadeira pela casa
Mas, hoje tu não tens mais um corpo que dói
Tens a alegria de estares pertinho do Senhor


Dorli da Silva Ramos



sexta-feira, 10 de maio de 2013

A faxina da alma



Acordei disposta a fazer algo inusitado
Faxinar minha alma de todas as tristezas
Quero matar as lembranças das traições
Colocar portas no meu sofrido coração 

Só abrirei as portas aos poucos escolhidos
A faxina só será para as pessoas efêmeras
Elas seguirão suas vidas em vã desatinos
Com alma leve voarei num sonho destemido

Nesse sonho real não entrará a inveja, o ódio
O oportunismo, a raiva, a desilusão e o desamor
Haverá só os anjos bons da minha querência
Onde o amor e a concórdia darão um só nó

Quero, por fim, correr uma campina de outono
Lavar minha alma com os raios do sol irradiante
Sentir na pele a brisa da noite estrelada a sorrir
Destrancar meu coração para a lua amada entrar


Dorli Silva Ramos