quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O gosto amargo do vinho




 Na sala esperava alguém para comigo brindar a passagem do ano de 2012. Como era de costume , ela vinha toda de branco, enchia as duas taças de vinho. 
Olhava o relógio, era exatamente meia noite, os ponteiros cruzavam e o cuco transbordava de alegria à respirar o ano que iniciava e, num ímpeto a campainha tocou. Era ela... saí a passos largos e ao abrir a porta, uma decepção: um mensageiro com uma carta, ao abri-la desfaleci, pois nela estava escrito: cansei da sua taça de vidro e de seu vinho tinto, estou com outro numa mansão brindando a chegada de 2013  e, nesse exato momento degusto do champagne francês em intervalos com cerejas e beijos apaixonados.Enlouqueci.

 Vagarosamente caminhei até a mesa, olhei as taças que estavam numa cristaleira artesanal, peguei uma , lavei-a e coloquei encima de uma simples mesa. Sentei-me, enchi a taça com um vinho tinto barato, da cor do sangue, dar cor do ódio e, num súbito fechei uma das mãos, dei um soco na taça, devo ter desfalecido.

 Num hospital particular, percebia estar e via vultos, recolhendo cacos de vidro do meu corpo. Suei de medo. Será que estou morrendo? Ouvia uns murmúrios dentro do meu corpo e pude ver cacos de vidro brigando para sair primeiro de dentro do meu corpo, foi quando ouvi um caco dizer: Como os humanos fedem por dentro, se eles sentissem seus odores fétidos, não seriam tão orgulhosos. E um a um com pressa, chegava perto das pinças para serem retirados, foi aí que ouvi alguém dizer: esse está limpo. 
Acordei da anestesia e vi meu irmão, que por sorte era muito rico, veio ao meu socorro.

 Conversou baixinho comigo e me deu um conselho: mano mulher nenhuma merece tal sacrifício o qual  submeteu, pois a vadia da sua namorada era minha amante e vi quando ela escreveu o bilhete deu para eu ler e riu da sua desgraça. Ela não sabia que éramos irmãos.De repente ouvi uns gemidos. Era ela! A vadia que eu amava, quero matá-la... O irmão sorriu e disse:
 - Não vale a pena, mulheres como estas merecem sofrer mendigando uns tostões para sobreviverem, olhou para mim e sorriu. Senti firmeza nas sua palavras, nisso estava morrendo de sede.
 A enfermeira, toda de branco, trouxe-me numa bandeja um copo com água cristalina. 
- Não, disse à enfermeira, de hoje em diante, só tomo bebida em caneca de alumínio.


Dorli da Silva Ramos

6 comentários:

  1. Legal este conto. Tráfico, mas legal. Esse desafio dele é muito bom.

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  2. Olá amiga Dorli.

    O conto está muito bom, intenso. Muito interessante e criativa. Parabéns, embora esteja um pouco diferente da ideia que o livro. A história deveria mostrar a visão da vida, do copo de vidro sendo nós esse copo e exprimindo seus pensamentos e, emoções.
    Mas gostei da tua criatividade. :)

    Beijinhos e muito obrigada por me presenteares com a tua participação.

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  3. Olá moça =] Mais uma bela narrativa.
    Essa é minha primeira visita aos blogs, em 2013, e o teu é o primeiro, por motivos pessoais mesmo.
    Sempre venho me alimentar da criatividade.
    Parabéns de novo, e as metáforas entre cálice e copo me seduziram.


    Te aguardo pra uma visita também, e o teu comment ^^

    diademegalomania.blogspot.com

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  4. Olá Dorli. Gostei da tua participação no desafio da Cris. Um conto dramático, e cheio de sentimentos.
    Gostei do teu blog e já te estou a seguir. Se quiseres podes visitar-me, terei muito gosto em receber-te lá no meu cantinho.
    Um abraço carinhoso.
    Idália Henriques
    http://falandocomosmeusbotoes.blogspot.com

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  5. Dorli minha querida.
    Que tragédia mais emocionante. Ninguém merece tanto escárnio. Mas a vida sempre se encarrega da vingança. Lindo conto. Parabéns!
    Beijos
    Gracita

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