sexta-feira, 26 de junho de 2015

Uma triste história de amor



A neve caía e lá estava ele com um flor na mão, pensativo. O que passaria pela sua cabeça? Um amor que morreu? Uma traição que fisgava seu coração como uma faca sem corte, onde a dor era maior?
Sempre passava por ele e o cumprimentava, ele apenas balançava a cabeça, mas parecendo um boneco e não conseguia tira-lhe uma palavra sequer. Intriguei.
Meu nome é Zilda e, como todas as mulheres, sou curiosa e não fujo a regra.Passei por ele o cumprimentei ele balançou a cabeça, então disse: não é assim que se cumprimenta uma mulher. Sentei e, como matraca comecei a indagar tanto que o senhorzinho falou: o que você quer? O que eu quero? Há anos que passo por aqui e o vejo cabisbaixo e ainda pergunta o que eu quero? Quero saber que mágoa foi essa que fez o senhor se isolar do mundo e das pessoas.
Eu me chamo Cleiton, tenho sessenta anos e desde que perdi minha mulher no parto saí pelo mundo a procura de mim mesmo e até agora não consigo me ver como as outras pessoas, pois além da morte de minha amada, não quis saber do meu filho, hoje já deve ser um homem maduro. Minha vida escorregou pelo desastre amoroso, moro num barraco gelado e faço uns bicos para comer.
Meu Deus, eu disse. Por que ir contra os desígnios de Deus? Hoje poderia ter outra vida em companhia do seu filho e talvez de uma outra mulher para ter uma família feliz.
É disse Cleiton, agora o tempo ficou pra trás e não consigo me ver....Nisso passa um rapaz olhou para mim e disse: posso senta-me nesse banco? Claro disse Zilda.
Pôxa, disse Zilda, faz tempo que não vejo passar por essas bandas pobres um jovem tão lindo, qual é seu nome? Renato, respondeu.
Todas as férias eu rodo muitos lugares à procura de meu pai que nunca vi, só sei que o nome dele é ou era Cleiton....O velho desmaiou.
Levamos para o hospital, ele recuperou, pudemos entrar na enfermaria e nessa altura Zilda já havia dito o nome do seu pai que estava à sua procura. Abrimos a porta, Cleiton, ainda fraco, chorou e Renato pegou suas mãos enrugadas as beijou e disse: a minha procura terminou.
E você Zilda é casada? Não, nunca nem namorei... Nisso passa um carro muito bonito com um motorista e disse a Zilda, vá buscar seus documentos e vamos cair fora daqui. Zilda não tinha ninguém também.
A viagem foi demorada, felizmente chegamos. É aqui que mora disse Zilda. É sua faladeira e riu. Desceram.
Os empregados vieram nos receber e no outro dia começou a chegar tantas coisas lindas que quase desmaiei: roupas lindas para o pai e para mim e disse aos empregados: tratem muito bem os dois, pois ele é meu pai e ela minha noiva, fiquei tontinha e caí, ele beijou meus lábios, me pegou no colo, levou-me pra minha cama e disse: sua doidinha, apaixonei-me pelo seu jeito atrevido de ser, não quero que mude, só que irá se vestir como uma princesa.
Depois de três meses estávamos casados e os três muito felizes, Renato sentiu as dores do pai e até hoje tem longos "papos".