sábado, 8 de setembro de 2012

Meu casarão mal assombrado




Moro há vinte anos, nesse casarão mal assombrado. Vivo só, pois perdi toda a minha família num acidente de avião há dez anos. Uma solidão envolvia minha alma e sempre invocava aos deuses a volta de meus familiares. Debruçava na janela e meu olhar se perdia no infinito... Solidão.
Os dias foram passando e, como companhia só meu gatinho. Faltava nesse casarão o cheiro de pessoas que aqui moravam: meu pai, minha mãe e meu irmão, todos mortos.
Coloquei um disco na vitrola e me encostei naquele sofá de veludo lilás, o qual papai gostava de descansar, quando chegava do trabalho. Adormeci. Não demorou muito tempo meu gatinho começou com um miado diferente, acordei, abracei-o com carinho e os seus olhos brilhavam de medo, coitado.
Levantei-me do sofá, fui até a cozinha para fazer um chá e, qual não foi minha surpresa ao ver a mesa posta com quatro cadeiras, quatro xícaras e delas saindo uma fumacinha cheirosa. Era alecrim, chá que nunca mais havia tomado depois do infortúnio.
Rodeei a mesa, senti um calafrio e uma presença estranha que balbuciava alguns sons.Sentei à mesa e qual não foi minha surpresa, quando colocava a xícara na boca, as outras xícaras faziam o mesmo movimento. Pensei...Somos em quatro aqui sentados, firmei meu pensamento nos deuses, até que numa fração de segundo todos estavam ao meu lado sorrindo. Chorei, um choro doído e, quando fui abraçar mamãe, ela se afastou e disse-me: Não temos corpos, minha filha, somos apenas  silhuetas de corpos que viemos visitá-la e fazer um pedido: Deixe-nos encontrar nosso caminho, pois se você continuar nos chamando, sofreremos e não nos libertaremos deste mundo. Abaixei a cabeça e quando ergui meu rosto, todos haviam sumido, deixando sobre a mesa três rosas vermelhas. Apanhei-as, colocando num vaso com água e guardei o vaso em cima d'uma mesinha no canto da sala.
Resolvi, então, deixar a casa e morar na cidade, pois não iria mais atrapalhar minha família à encontrar seus lugares.
Já era formada, fui trabalhar numa grande empresa e foi lá que encontrei Alberto, hoje meu noivo, o qual contei tudo que havia ocorrido. Alberto quis conhecer o casarão e, lá fomos.Abrimos a porta, tudo estava no seu lugar, uma fragrância pairava no ar, foi então que olhei na mesinha do canto da sala as três rosas vermelhas lindas. Sorri, pois sabia que todos  haviam encontrado os seu lugares.
Voltamos para a cidade, nos casamos e temos cinco filhos sapecas e, aos finais de semana vamos descansar no casarão da minha família, as crianças adoram esse lugar.
Aprendi nessa vivência que não devemos chorar os mortos, pois eles estão mais felizes que nós, pois alma não sente dor e nem sofrimento.

2 comentários:

  1. ✫. `⋎´ ✫❤✫..
    (⁀‵❤⁀,) ✫✫✫Bom dia de domingo✫.❤
    Que história linda amiga, me emocionei
    achei muito boa mesmo, la se vão nossos queridos
    e fica a saudade, bjusss e boas melhoras
    Rita!!!
    (⁀❤‵⁀,) ✫✫✫..! ♥
    .`⋎´✫✫¸.•°*”˜˜”*°•.✫❤
    ✫¸.•°*”˜˜”*°•.✫❤✫

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  2. Embora este post seja antigo é merecedor de aplausos!!!
    !

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