Um vento passou por mim, segurei em suas asas para poder voar dentro de mim mesma e, me conhecer o que sou, quem sou e o que quero ser. O caminho foi uma fantasia cruel.
Passamos primeiro na casa da minha mãe quando ela estava grávida de mim: coitada, cortando cana para ajudar papai a criar os filhos. Pude ver a suavidade de suas grossas e sujas mãos acariciando sua barriga, onde eu estava bem protegida.
Voamos mais um pouco, me vi já crescidinha com muitos irmãozinhos e pude ouvir uns barulhos e um choro triste. Vi meu pai espancando minha querida mãezinha e continuamos a voar, vi meu pai morto atropelado por um caminhão, pois vinha de um bar embriagado. Minha mãe não chorou. Todos já crescidinhos começamos a trabalhar para ajudar nas despesas.
De repente o vento ficou mais forte e trouxe alguém muito especial para mamãe e todos nós. Para ela um novo marido e para nós um pai de verdade.
Voando mais alto vi minha mãe morrendo e, papai chorando um desespero doído, nós os filhos abraçando nosso pai. Um pai de verdade, um pai de coração, um pai que jamais nos maltratou.
E, finalmente o voo derradeiro: esse foi suave como a brisa, colorido como as estrelas, pois desci das asas do vento e fui abraçar papai, dizendo: eu te amo. Ele era envergonhado e me disse: vamos logo garota, seu namorado está a sua espera, esqueceu? Hoje é sua formatura...
Dorli, lindo esse seu vento apesar de tudo. Comoveu-me.
ResponderExcluirBeijinhos de Luz!
Ana Maria
Minha amiga que emocionante esse post, momentos felizes e tristes....mas que bom que no final ainda tinha alguém que amava ao seu lado.
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