Murmúrios das almas

Eu sou Júlio:

Foi nesse mesmo lugar, que há alguns dias estávamos caminhando sobre as areias finas na praia, nossas roupas brancas se igualavam as grandes borbulhas das ondas do mar. Era tarde, hora do ressurgir do crepúsculo do entardecer, o sol estava querendo descansar, quando ouvimos um estrondo. Olhamos rapidamente para o oceano - ficamos mudos - uma onda gigante vinha em nossa direção, nos abraçamos e não vimos mais nada.

Acordamos numa praia escura, ondas mansas, sol entristecido e nos entreolhamos: nossas vestes de brancas se transformaram em pretas, tentei pegar suas mãos e elas atravessaram as minhas. Olhei aquela mulher que antes sorridente, hoje pálida e de seus olhos debulhavam lágrimas. Tentei abraçá-la, meu  corpo ultrapassou o dela, daí que percebi que não tínhamos mais corpos, pois a onda os levou, deixando-nos apenas duas almas e seus murmúrios.

Entrelacei suavemente minhas mãos nas suas e continuamos a caminhar pela praia, tentei beijá-la e nada sentia e, continuamos nossa caminhada  para ver o pôr do sol.

Era exatamente meia-noite quando ouvimos uns barulhos e olhando ao mar vimos umas mãos implorando não sei o quê. Eram os murmúrios das almas.

Continuamos nossa caminhada até quando estava querendo despontar o alvorecer, quando de repente, olhando para o céu vimos um anjo, com enormes asas brancas, chegando até a nós. pairou no ar a nossa frente e perguntou: O que vocês estão fazendo aqui? Esse é um lugar sagrado das almas e foi nesse instante que o anjo percebeu que nós  também éramos almas.

- Não, disse o anjo, vocês não poderiam morrer. Não terminaram seu tempo lá na terra e, da sua boca saiu um vento forte e, ele sumiu.

Foi nesse instante que percebemos nossas vestes brancas, sentimos nossas mãos entrelaçadas e um suave beijo de amor. 

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