Palco itinerante ( miniconto )

Minha vida sempre foi um triste palco itinerante, onde a cada espetáculo as emoções se esvaíam, viajando a poesia, junto aos pedaços de inspirações e devaneios que restaram d'um amor que morreu no ar.
Meu corpo magro, debilitado, pede aconchego de um lar, mas não posso parar, sou itinerante como as águas do rio que correm para o mar.
Murmuro lembranças, choro meu descaso pela vida, nunca me prendi a lugar algum, tendo a continuar, sou um itinerante do dia e da noite, não posso parar.
Sempre caminhei com a solidão, minha sutil companheira, sou tal o pássaro que fugiu do ninho, ganhando asas, sem nunca querer voltar...Namoro a lua e continuo meu destino com o brilho das estrelas que clareia meu caminho para o nada. Sou um triste itinerante que agora cansado do meu caminhar, choro meu fim.
Estou dividindo meus sorrisos amarelos, as ilusões perdidas, doando emoções, sonhos não realizados, brisas geladas batidas no meu rosto e raios de sol que aqueceu no meu caminhar.
Agora, chego ao meu final, deitado na areia, sem forças para continuar, olho a vida que não soube viver, quis ser itinerante; agora desfaleço na praia.

Dorli Silva Ramos