Em
qualquer canto da noite, à beira d'um riacho, ao pé do jatobá; um sono funesto
toma conta do meu corpo e, durmo abraçada a duas rosas, a vermelha é a
insanidade dos meus desejos carnais e a branca é a saudade d'um amor que matou
meus sonhos e se esvaiu por uma estrada sem fim.
Na
dormência do meu corpo é onde encontro inspirações para lhes escrever, pois não
sou eu e sim um delírio obcecado com vontade incontrolável de ceifar aquele
maldito que sem destino se foi, deixando meus desvairados sonhos pela
metade. Preciso achá-lo nem que tenha que morrer para devolver-lhe a outra
metade dos meus instigantes e cruéis sonhos.
Não sou
nada, mais pareço um espectro vagando durante o dia em pecados insanos, pois
preciso comer para dormir e sonhar com você, ser asqueroso dante inimaginável.
Destruiu meus lindos sonhos de mulher à ser uma vadia qualquer, dormindo em becos para poder sonhar e acabar minha estória.
Já cansada das orgias, algo insólito aconteceu aquela noite: fui
caminhando até chegar embaixo de um pessegueiro. A lua e as estrelas dormiam,
parecia um breu, nisto senti dores pelo corpo, foi onde percebi minha silhueta
toda costurada. Estava morta. Aquele maldito me matou: levantei sorrateiramente
e, não longe dali, com meus olhos de raios x eu vi: era ele dormindo, lindo
como as nuvens sombrias e, nesse dia elas escureceram, ficamos os dois em
delírios.
Dorli Silva Ramos